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A casa às costas

“Cruzava-me diariamente com o Ronaldo no ginásio ou futvolei. Dizia sempre: ‘Nós portugueses somos melhores que eles e temos de o mostrar”

“Cruzava-me diariamente com o Ronaldo no ginásio ou futvolei. Dizia sempre: ‘Nós portugueses somos melhores que eles e temos de o mostrar”
Nuno Fox

Evandro Brandão chegou a Portugal com sete anos e, aos 15, estava a assinar contrato com o Manchester United. Confundido muitas vezes, em Londres, com Anderson do FC Porto, chegou a assinar autógrafos por ele, mas três anos depois pediu ajuda a Cristiano Ronaldo para regressar a Portugal, onde esteve quase a ingressar no SC Braga. Acabou nos juniores do Benfica, antes de ser emprestado ao CD Fátima e ao Gondomar SC. Esta é a primeira parte da entrevista ao Casa às Costas, antes de falarmos sobre as experiências na Hungria, Angola e Israel, com muitos clubes portugueses e muitas histórias pelo meio

Nasceu em Luanda, Angola. É filho de quem?
De Orlando Brandão e de Fernanda Gomes. O meu pai foi jogador de futebol também, jogou muitos anos em Portugal. O meu pai e o meu tio, Altino Brandão. O meu pai jogou muitos anos no Praiense, dos Açores, no 1.º de Dezembro, esteve nos juniores do Benfica e julgo que também no Casa Pia. O meu tio jogou no Portimonense e esteve no Benfica também. Eram ambos centrais.

A sua mãe o que fazia profissionalmente?
A minha mãe desde há alguns anos que é chefe de departamento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras em Angola, mas na altura, quando vivia em Portugal, fazia trabalhos de empregada doméstica.

Os seus pais vieram juntos para Portugal?
Os meus pais não estavam casados, mas eu já existia. Eles casaram-se à distância. Lembro-me disso, era pequenino. Tinham o casamento marcado, mas o meu pai não pôde deslocar-se a Angola, então o irmão, o meu tio, levou uma procuração para casar em nome dele [risos]. Eu depois vim com a minha mãe.

Tem irmãos?
Tenho um irmão mais velho cinco anos e duas irmãs mais novas, uma com 16 e a outra com quatro, da parte do pai. Da parte da minha mãe, sou filho único.

Qual é a sua primeira memória de infância?
É de jogar à bola. Tenho uma memória muito fresca de aos fins de semana acordar super cedo, às seis da manhã, para ir jogar. Acordava, pegava na bola e ia ter com os amigos para jogar naquela terra batida vermelha que sujava bastante. Quando chegava a casa levava na cabeça por estar sujo [risos]. Vivíamos num prédio e, entre os prédios, havia um espaço de areia onde aos fins de semana se faziam os torneios de prédio contra prédio. Lembro-me de, com 5, 6 anos estar a jogar e de ver nas varandas o prédio quase inteiro a ver-nos jogar. Eu chamava muitas vezes a minha avó para ir ver-me jogar.

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