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A casa às costas

“Já jogava no SC Braga e fui ver um jogo do Sporting no meio da claque leonina. Apareci na TV e tive problemas, quase fui expulso do clube”

“Já jogava no SC Braga e fui ver um jogo do Sporting no meio da claque leonina. Apareci na TV e tive problemas, quase fui expulso do clube”
RUI DUARTE SILVA

Afonso Figueiredo, 31 anos, começou por jogar râguebi, mas a paixão pelo futebol e o Sporting levaram-no a ter uma carreira profissional marcada por muitos altos e baixos, algum sentimento de injustiça e muita rebeldia. O ex-defesa esquerdo conta, entre muitas peripécias e pormenores, como tudo começou no clube do coração, fala-nos da passagem por Braga e da desilusão em que se tornou Artur Jorge. Explica como viveu os melhores anos no Boavista, apesar de ter tido um treinador que, garante, nunca foi com a sua cara

É natural de Lisboa. Filho e irmão de quem?
O meu pai é bancário, a minha mãe era assistente social, atualmente trabalha na Câmara Municipal de Cascais. Tenho dois irmãos, um mais velho três anos, o Vasco, da mesma mãe e pai, e tenho uma irmã, a Carolina, que tem agora 13 anos da segunda relação do meu pai. Os meus pais separaram-se quando eu tinha quatro anos, mas tive muita sorte, porque sempre tive um padrasto e uma madrasta e os quatro dão-se muitíssimo bem. O meu padrasto é padrinho da filha do meu pai com a minha madrasta.

Cresceu em que zona de Lisboa?
Grande parte da minha infância vivi com o meu pai e irmão, em Algés, depois mudámo-nos para Miraflores e acabei o meu percurso em Lisboa, a viver no Restelo com a minha mãe e o meu padrasto, dos 13 aos 17 anos.

Foi uma criança calma ou deu muitas dores de cabeça?
Era muito agitado. Parti a cabeça três vezes. Os meus avós costumam dizer que eu era o pior de todos, por isso, quando hoje vemos o meu filho, toda a gente diz que se percebe porque é assim [risos].

Gostava da escola?
Fui sempre um miúdo interessado, mas fui perdendo um bocadinho esse interesse à medida que o futebol foi ficando mais sério. Os meus pais sempre me fizeram ver a escola como um fator importante na minha educação. Tinha uma exigência mínima, tinha que ter boas notas. Hoje tenho saudades da escola, acho que é uma parte bonita da nossa infância. Jogava muito à bola na escola.

O que dizia querer ser quando crescesse?
Sempre quis ser jogador de futebol.

De onde vem essa paixão, tem ideia?
Desde os meus quatro anos que o meu pai levava-me a mim e ao meu irmão ao antigo estádio de Alvalade. Acho que o bichinho vem daí. A família é toda sportinguista. Com cinco anos tentei começar a praticar futebol, mas na altura, no Belenenses, só se podia jogar com seis anos. Eu queria fazer desporto e como a maioria dos meus colegas andava no râguebi, acabei por ir praticar râguebi, dos cinco aos 10 anos, onde fui muito feliz. Só depois fui para o futebol.

Nunca lhe passou pela cabeça enveredar pelo râguebi?
Eu tinha jeito porque comecei muito novo e quando começamos muito novos é bom porque perdemos o medo. Dizem que o râguebi é um desporto violento, mas não é, magoei-me muito mais no futebol do que no râguebi. Jogava com miúdos mais velhos dois anos e não tinha medo nenhum. Era um miúdo muito corajoso, muito destemido. Arrependo-me um bocado de não ter continuado no râguebi porque acho que tinha chegado a um bom patamar. Mas o râguebi não era profissional em Portugal e a minha paixão sempre foi o futebol. Aos 10 anos tive a sorte de ir para o futebol.

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