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A casa às costas

“A primeira vez que estive com o Dennis Rodman ele tratou-me cinco estrelas. Estavam 25 graus negativos e ofereceu-me a limusina dele”

“A primeira vez que estive com o Dennis Rodman ele tratou-me cinco estrelas. Estavam 25 graus negativos e ofereceu-me a limusina dele”
TIAGO MIRANDA

Carlos Barroca regressou a Portugal onde espera ter oportunidade de devolver tudo o que aprendeu ao longo das últimas duas décadas com a NBA, mas garante que não vai bater à porta de ninguém. Apreensivo com que tem ouvido sobre o basquetebol português, diz ser benéfica a criação de uma liga profissional e que faltam projetos a 10 anos, não só no basquetebol como em muitas outras áreas. Nesta segunda parte conta várias histórias, fala de Neemias Queta, do significado da condecoração do Presidente da República e da vontade em passar tempo com os quatro filhos e quatro netos, entre outros temas

Disse numa entrevista que, nos anos 80, a NBA estava à beira da falência e foi salva por dois jogadores. Quer explicar o que aconteceu e que jogadores foram esses?
À beira da falência porque não produzia suficiente interesse, tinha regras obsoletas. Não havia tempo de ataque, o jogo era chato, não havia grandes figuras, era uma altura em que socialmente na América vivia-se o "sex, drugs and rock and roll", não havia nada que elevasse os jogadores de basquete como referências sociais; o jogo era tão bom dentro do campo da NBA, como nas ruas de Nova Iorque ou de Chicago. Havia jogadores com tanto talento fora da liga como dentro da liga e não havia marketing do produto, não havia elevação do produto. Na década de 80, os jogadores iam muitas vezes aos parques dos supermercados fazer ações de promoção para vender bilhetes e para angariar pessoas para a NBA. Era uma empresa que queria crescer, mas não tinha encontrado maneira de crescer.

Quando e como se deu essa mudança?
O clique vem da rivalidade. O basquetebol universitário nos EUA é incrível. As universidades são uma arma potente, numa altura em que o ser de uma universidade era a network, não havia redes sociais, não havia internet. E há dois jogadores que trazem a rivalidade da universidade, o Magic Johnson e o Larry Bird. E entram para a NBA por coincidência para as duas equipas que são as mais famosas da NBA, o Larry para os Boston Celtics e o Magic Johnson para os Lakers. De repente, passou a haver um motivo em duas cidades que são macro cidades. Esta elevação do produto fez crescer o produto. No final da década de 80, num All Star Game apareciam jogadores que não sabíamos quem eram. Hoje, a conversa é sobre os que ficaram de fora, porque toda a gente sabe quem é quem. O aparecimento destes dois jogadores aliado à visão do David Stern, que era um homem que percebia de marketing, foi o que fez a mudança. Os Jogos Olímpicos de 92 atiram a NBA para o topo. O Dream Team é a continuação disto. De repente o produto deixa de ser um produto americano e passa a ser um produto internacional e começam a abrir escritórios pelo mundo inteiro.

Entretanto, apareceu o fenómeno Michael Jordan.
Se os outros ajudaram a lançar a liga, o Michael Jordan disparou em foguetão para o mundo inteiro.

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