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A casa às costas

“O major Valentim Loureiro convidava-me para almoços com a família. Às vezes eu recusava porque havia ciumeira no balneário”

“O major Valentim Loureiro convidava-me para almoços com a família. Às vezes eu recusava porque havia ciumeira no balneário”
PASCAL PAVANI

Hélder Batista nasceu para o futebol no Torreense, clube da terra natal, mas foi no Boavista que ganhou a notoriedade que o levou ao Paris Saint-Germain, de Artur Jorge, onde chegou a ver um helicóptero parado ao lado do campo à espera para levar jogadores a jogar golfe. Esteve ainda quatro anos e meio no Rayo Vallecano, em Madrid, onde teve o privilégio de jogar contra os ‘galácticos’. Nesta I parte do Casa às Costas, o médio fala-nos desse percurso enquanto jogador, que só terminou na equipa de veteranos do clube onde tudo começou

Nasceu em Torres Vedras. É filho e irmão de quem?
O meu pai era carpinteiro e a minha mãe empregada de limpeza. Tenho um irmão mais velho um ano, Nuno Batista, que foi sempre o meu representante.

Foi uma criança tranquila ou deu muitas dores de cabeça?
Dei algumas, mas nada de mais. A bola ia para dentro da mochila antes dos livros e foi responsável por criar o mau vício de tentar faltar às aulas para jogar. Mas foi sempre uma exigência da minha mãe, que me dizia: “Se não estudares, não jogas futebol. Só podes jogar no futebol se continuares a estudar e fores bom aluno.” Tentei sempre ser um aluno médio pelo menos.

Em casa torcia-se por algum clube?
Como vivíamos em Torres Vedras, torcia-se pelo clube da cidade, o Torreense.

Ser jogador de futebol foi sempre o seu sonho?
Foi e com o objetivo de representar o clube da cidade, da minha terra.

Quem eram os seus ídolos?
A referência grande foi sempre Maradona. Lembro-me perfeitamente de estar à espera, devido aos fusos horários, de ver a Argentina jogar, nos Mundiais, por causa do Maradona.

A paixão pelo futebol vem de onde, sabe?
Quando era pequenino, o meu pai levava-me aos treinos e jogos das aldeias das redondezas e eu adorava. Gostava de ir com ele e ver os jogadores a equiparem-se no balneário, a fazer o aquecimento. Eu era uma espécie de apanha-bolas, andava ali entretido, naqueles pelados de aldeia. Gostava também dos convívios que havia a seguir aos jogos, faziam sempre uns almoços engraçados e eu gostava.

Começou a jogar num clube pela primeira vez com quantos anos?
Sempre gostei de desporto e desde pequeno que frequentei a Educação Física de Torres Vedras, na ginástica desportiva, experimentei também o basquetebol, até que, a certa altura, já com 14 anos, houve um professor que me convidou para ir fazer um teste ao Torreense. Era o que eu ambicionava e fui. Fui escolhido e iniciei-me aí.

Como foram os primeiros tempos no Torreense?
Na altura não era fácil entrar, porque já disputávamos a I Divisão e havia uma seleção muito grande para escolher os melhores jogadores. O meu contentamento foi enorme por ter sido escolhido.

Em que posição começou a jogar?
Joguei sempre a médio. Gostava de jogar nessa posição porque estava mais em contacto com a bola. Comecei com 14 anos na I Divisão e lembro-me do professor Carlos Queiroz estar na bancada a ver os jogos. Fazíamos a série de Lisboa com o Benfica, o Sporting o Estrela da Amadora. Fui um dos referenciados e ganhei a ilusão de chegar à seleção, só que, nos juvenis descemos de divisão e as observações não são as mesmas que fazem aos clubes da I Divisão e aí o meu sonho caiu por terra. Mas continuei o meu percurso no Torreense.

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