Como foi a primeira experiência como treinador-adjunto do Pedro Caixinha, na U. Leiria?
Primeiro estive a acompanhar, na altura o Sá Pinto era o adjunto dele. Depois o Sá Pinto saiu e eu entrei. O clube tinha problemas com a Câmara, o presidente tinha vendido alguns jogadores importantes, não tínhamos campos para treinar, andávamos sempre de um lado para o outro e não foi fácil. Mas foi uma aprendizagem.
Foi viver sozinho para Leiria?
Sim, a minha mulher tinha ficado em Torres Vedras, que era perto.
Já tinha sido pai?
Sim, o Duarte nasceu em 2005 e a Clarinha em 2008.
Assistiu ao parto?
Assisti, de ambos. E, como treinador, sempre permiti e fiz questão que o jogador estivesse presente no parto dos filhos.
Depois de Leiria e foram para o Nacional, da Madeira. Que funções tinha em concreto?
Eram várias. A parte da logística, a parte do campo, preparar o treino, bolas paradas, etc. E nessa altura era só eu, o Óscar Tojo e o Caixinha. Não pudemos levar mais ninguém. Ficámos com um treinador de guarda-redes, que ainda hoje trabalha com o Pedro Caixinha e mais tarde foi lá ter um analista.
Como foi passar para o lado de lá?
É uma boa questão. Temos de lembrar-nos de quando fomos jogadores, dos treinadores que tivemos e tentar colocarmo-nos no papel deles. Temos de saber gerir cada momento pensando da maneira como o jogador pensa, sendo nós já treinadores.
Qual foi a situação mais complexa que teve de enfrentar?
Lembro-me de uma, em que ia a passar junto ao balneário e vejo três jogadores a fumar. Senti o cheiro e fui ter com eles: “Estão aqui a fumar? Querem fazer isso, vão para mais longe, onde ninguém vê ou cheira. Passa aqui o treinador principal e fica chateado com vocês. Qual acham que vai ser a reação dele?”. Eles pensaram que eu ia contar ao treinador, mas não fui. No dia seguinte, acharam estranho, mas esses jogadores passaram a confiar em mim e tive-os sempre do meu lado. Só no final da época é que contei ao Pedro Caixinha.
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