Nasceu em Lisboa. É filho de quem e onde cresceu?
Os meus pais já se conheciam da Guiné-Bissau, onde nasceram. Vieram para Portugal em 1992 e juntaram-se. A minha mãe trabalhava como empregada doméstica e o meu pai nas obras. Primeiro vivemos no Algarve, quando eu ainda era bebé. Depois fomos para a Espanha, vivemos em Madrid. Lembro-me de ter andado na escola lá, com quatro anos, já falava espanhol. Com cinco anos, fomos para Portugal. Começámos a viver em Sacavém, na Quinta do Mocho.
Tem irmãos?
Da parte da mãe tenho um e da parte do pai, são três. Uma das minhas irmãs é mais velha, tem 32 anos, os outros são todos mais novos; um tem 10 anos, outro tem 14 anos e vive na Guiné, tenho uma irmã de 16 anos, que vive na Inglaterra, e um irmão, que vai fazer 20 anos e que vive com a minha mãe, em Lisboa. Sou o único filho do mesmo pai e mãe.
Crescer num bairro problemático como a Quinta do Mocho não deve ter sido fácil. Qual foi a maior marca que ficou do bairro?
É sempre difícil crescer num bairro como aquele, porque há coisas que as crianças não podem ver e veem, que ficam marcadas para a vida. Mas essas coisas que vi quando era mais novo ajudaram-me a ser quem sou hoje.
A que assistiu que o marcou tanto?
Vi amigos a levarem tiros.
Da polícia?
Não, de outros. Já estava no Sporting, tinha 12 anos. Ver um dos meus melhores amigos ser baleado é duro. Felizmente ele está bem, que é o mais importante.
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