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Kiko Costa tinha os espanhóis “aqui” entalados: “Fui para cima deles e não dei hipótese nenhuma de acreditarem que era possível ganhar”

Kiko Costa tinha os espanhóis “aqui” entalados: “Fui para cima deles e não dei hipótese nenhuma de acreditarem que era possível ganhar”
Saša Pahič Szabó / kolektiff
O melhor marcador português (37 golos) no melhor Mundial de sempre da seleção nacional, que já está nos quartos de final, conta, em entrevista à Tribuna Expresso, como se concentrou em “vencer de qualquer forma” a Espanha, que o privara, por duas vezes, de um título europeu sub-20. Ainda só com 19 anos, o confiante e ambicioso Francisco Costa lembra que o objetivo de ficar entre os oito primeiros “não era nada descabido”. E explica porquê: “Contra grandes seleções, mostrámos que somos melhores do que elas - não é o ‘podemos vencer’, é o ‘somos melhores’.”

Quando o jogo deu as boas-vindas à segunda parte, Francisco Costa pareceu possuído por um qualquer espírito de missão. Cada ataque, fosse à pressa ou vetado à calma, tinha o momento em que Kiko, embalado da direita, encarava qualquer espanhol que fosse para encarar o um para um e depois finta, chocar, ser agarrado, sofrer falta ou, às vezes, quase lhes saltar por cima. “Para mim também era um jogo especial”, confessa, sem necessidade de o adivinhar.

Em 2022 e 2021, estivera nas finais perdidas dos Europeus sub-20 e sub-19 contra a Espanha. Certamente viu, o ano passado, outra derrota que a geração seguinte de catraios sofreu contra os mesmos adversários, uma fornada na qual ele podia ter estado. É fácil esquecer, face à sua ascensão imparável, que o Francisco Costa conhecido pelo diminutivo só tem 19 anos. “Isso estava um pouco aqui entalado. Queria vencê-los de qualquer das formas”, diz ele, muito sério na voz, sem risos ou hesitações.

A histórica, porque a primeira em jogos oficiais, vitória contra a Espanha (35-29) na main round deste Mundial, pode ter tido muito de pequena vingança pessoal do canhoto indomável, sem medos de se atirar contra adversários para marcar oito golos. Kiko Costa não precisa de o afirmar para se captar no seu discurso a quase certeza, mais do que crença, de que é melhor. “Acho que o objetivo a que nos propusemos não era nada descabido e agora vamos em busca de mais”, soltou acerca da meta, assumida por todos na seleção antes do torneio, de acabar entre os oito primeiros. Garantidos os quartos de final, isso já é certo.

E o melhor marcador de Portugal (37 golos), a meias com o irmão, Martim, ambos treinados pelo pai, Rui Costa, no Sporting, fala vindo do mesmo poço de confiança que o seu jogo em campo aparenta: seguro de si, ainda mais da valia da seleção, sem celeumas em vender a equipa como uma das melhores que há no Mundial, esfomeado pelas “grandes coisas” que todos querem fazer.

Os outros que se cuidem, advoga Kiko Costa, nomeado para melhor jogador jovem deste Mundial (a par de Diogo Rêma), porque para trás estão os tempos de os portugueses terem cuidado com a ambição. Mas cada coisa a seu tempo, antes dos ‘quartos’ é preciso ganhar ao Chile, no domingo (14h30, RTP2).

Falaram sobre a Batalha de Aljubarrota ao intervalo do jogo com a Espanha? Voltaram endiabrados para a segunda parte.
Na primeira parte estávamos um pouco receosos do que aquilo podia dar. Ao intervalo ajustámos várias coisas e viemos com outra mentalidade, outras pessoas para dentro de campo e isso fez a diferença. Viemos com um coração enorme, uma mentalidade sempre para vencer o jogo e isso ajudou imenso. Mostrámos que somos melhores do que eles na segunda parte.

Mas como é que se livraram exatamente desse bloqueio mental? A defesa deles, em 5+1, estava a criar-nos dificuldades no ataque e ao intervalo tentámos ajustar, esclarecer o que queríamos. Pensámos em fazer o ataque no defesa da frente e ou nos laterais, as coisas começaram a fluir, os nossos guarda-redes também apanharam bolas, essa foi a chave. Também defendemos muito bem, não demos hipótese. Sofremos 12 ou 13 golos na segunda parte. Defendemos muito bem e, quando é assim, no ataque estás muito mais solto, não tens pressão de fazer golo.
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