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Atualidade

Marcelo e o Sporting: “Senti-me vexado pela imagem projetada por Portugal no mundo. Foram acontecimentos graves que não podemos banalizar”

O presidente da República reagiu, em Leiria, às agressões a jogadores e treinadores do Sporting, terça-feira, dizendo a violência no futebol não pode continuar: "Esta escalada pode destruir o desporto português e desprestigiar a sociedade portuguesa"

Expresso

O presidente da República reagiu na manhã desta quarta-feira à tragédia vivida em Alcochete, terça-feira, quando um grupo de adeptos agrediu violentamente jogadores e treinadores do Sporting, dizendo-se "vexado" por aquilo que viu.

"Há algumas semanas, ao condecorar os irmãos Sobral, disse que eles eram embaixadores eficientes na projeção da imagem de Portugal pelo mundo. Ontem [terça-feira], tive o sentimento oposto. Tive o sentimento de alguém que se sente vexado pela imagem projetada por Portugal no mundo", disse Marcelo Rebelo de Sousa em Leiria, onde se encontra no âmbito das comemorações do dia nacional dos cientistas.

"Senti-me vexado porque Portugal é uma potência no desporto, nomeadamente no futebol, e vexado pela gravidade do que aconteceu. As reações que otive de fora foram essas", acrescentou o presidente, depois de interpelado pelos jornalistas presentes.

"Foram acontecimentos graves que não podemos normalizar ou banalizar, sob pena de permitirmos escaladas que são más para o desporto português e para a sociedade portuguesa como um todo. Este tipo de factos, alegada ou potencialmente crimininosos... Não é um ato isolado, tem um contexto. É um aumento da violência no desporto, nomeadamente no futebol profissional. Já tivemos até um debate na Assembleia da República sobre isso. É um tema que já mereceu a atenção de orgãos de soberania", disse o Presidente da República, que não quis falar sobre a final da Taça de Portugal, ainda que questionado sobre isso pelos jornalistas.

"Em Portugal não pode haver dois Portugais, um estado de direto democrático e outro que vive à margem disso. Há uma constituição, há leis, há um clima de serenidade que é preciso criar. Perante a gravidade do que aconteceu, temos de ter a noção de que é fundamental para o próprio futebol - e para o desporto e para a sociedade portuguesa - perceber que o clima criado ao longo dos tempos, que foi debatido no parlamento e foi objeto de chamadas de atenção por parte do Governo, não pode continuar, sob pena de uma escalada que pode destruir o desporto português e desprestigiar a sociedade portuguesa", explicou.

Questionado sobre possíveis consequências após as agressões, Marcelo disse o seguinte: "O Presidente não se pode substituir às instituições competentes, cada uma no seu âmbito de atividade. Mas uma coisa é óbvia: nós não podemos fazer de conta. Nós, portugueses, somos muito bons a fazer de conta. A fazer de conta de que aquilo não é grave, que é normal, que é um caso isolado. Há que parar e refletir. Este é o momento de travar esta escalada, porque se for mais adiante será por meios muito mais drásticos."

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