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Futebol, racismo e homofobia. Quando a política entra no estádio

Futebol, racismo e homofobia. Quando a política entra no estádio
Anatolii Stepanov

Na era do futebol-política, a contaminação de discursos e o combate ideológico entre gabinetes de administração e bancadas fazem da realidade do jogo um espelho das decisões das nossas vidas. Hoje, todos estamos convocados para entrar em campo

A entrada da extrema-direita no parlamento português traz de volta para a ribalta as ligações perigosas entre o mundo da política e o futebol. Para José Neves, professor do departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, André Ventura, deputado do Chega!, é um “produto híbrido da tertúlia futebolista na televisão”, promovido num canal, a CMTV, onde “há um produto específico, uma misturada, onde o advogado aparece a debater com o treinador, o dirigente com o ex-jogador”, salientando que o novo deputado ao Parlamento português, “também está presente noutros programas do canal, onde surge como especialista na sua área de estudo”.

Para o historiador há uma responsabilidade partilhada, no que passa por ser um “produto muito pouco claro do ponto de vista da autonomia dos campos, porque sabemos que as televisões convidam, mas os clubes detêm um veto oficioso” no que respeita à presença de elementos que, oficialmente, não os representam.

Ainda assim, a figura de André Ventura insere-se num outro ramo evolutivo da relação entre futebol e política. Sendo certo que aproveita o cariz mediático de um clube, tendo sido lançado na esfera televisiva através do canal oficial do Benfica, a BTV, a leitura do fenómeno prende-se mais com a promoção de um discurso que, hoje em dia, se tornou passível de ser observado um pouco por todo o lado. Nesse sentido, José Neves considera como dois elementos separados a eleição de André Ventura para o Parlamento e o seu trabalho enquanto comentador televisivo. “A presença que ele tem na CMTV a discutir futebol dá-lhe popularidade, mas não há uma transferência direta entre a sua defesa de um clube e o seu universo de votantes.”

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