O alegado hacker apresentou a sua contestação à acusação do Ministério Público e apresenta testemunhas de peso como Edward Snowden, autor da fuga de informação da NSA, e o diretor da Polícia Judiciária, Luís Neves. Julgamento arranca no próximo dia 4 em Lisboa
Rui Pinto vai chamar 45 testemunhas para o defenderem no julgamento que se inicia no dia 4 de setembro, no Campus da Justiça em Lisboa. Na contestação à acusação do Ministério Público, que lhe imputa 90 crimes, encontram-se vários nomes sonantes para serem ouvidos no tribunal central criminal.
O famoso whistleblower e antigo analista de informação norte-americano Edward Snowden, que se encontra atualmente exilado na Rússia, destaca-se na lista. Foi ele o autor de uma das maiores fugas de informação de sempre, implicando a National Security Agency (NSA) num escândalo de utilização abusiva de dados pessoais de cidadãos americanos.
Edward Snowden
Phillip Faraone/GETTY IMAGES
A defesa irá pedir para que Snowden, que é alvo de um mandado de captura e considerado um traidor pelas autoridades americanas, seja ouvido por videoconferência, uma vez que se encontra no estrangeiro. Também o jornalista e ativista angolano Rafael Marques consta da extensa lista de testemunhas. Rafael Marques tem-se destacado por denunciar a corrupção cometida pelo regime angolano. A ex-eurodeputada Ana Gomes, uma das maiores defensoras públicas de Rui Pinto, será a primeira testemunha a ser ouvida.
Outros nomes relevantes na lista são os do diretor da Polícia Judiciária Luís Neves, o homem que fez tudo para o prender, mas que também foi capaz de o defender perante as autoridades judiciais quando passou a colaborar com a PJ; do treinador Jorge Jesus, ou do ex-presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.
Nélio Lucas, o fundador da Doyen Sports, o fundo de investimento que foi um dos principais alvos de Rui Pinto, também integra esta lista, bem como o político Miguel Poiares Maduro.
Rui Pinto é acusado de 90 crimes, entre os quais tentativa de extorsão e diversos crimes de natureza informática. Já esteve um ano e meio em prisão preventiva e foi libertado não só porque o prazo máximo para esta medida de coação estava a acabar, mas também porque passou a colaborar com as autoridades na investigação de outros crimes. Passou a integrar um programa de proteção de testemunhas e é autor de queixa no Departamento Central de Investigação e Ação Penal sobre crimes relacionados com as relações económicas entre Portugal e Angola.