O juiz Carlos Alexandre recusou a proposta de caução avançada por Luís Filipe Vieira no âmbito da Operação Cartão Vermelho, avança o "Público".
O magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal entende que os bens apresentados pelo ex-presidente do Benfica não são suficientes para cobrir a caução de 3 milhões de euros imposta pelo tribunal para que ficasse em liberdade.
Já o "Jornal de Notícias" avança que as ações do Benfica e mais de 400 mil euros, correspondente a parte de um imóvel avaliado em 1,2 milhões de euros, não apresentam garantias suficientes para cobrir os 3 milhões de euros exigidos.
Contactado ao início da tarde desta quarta-feira, o advogado do ex-dirigente encarnado, Magalhães e Silva, comentou que não houve qualquer notificação do tribunal relativamente à rejeição da caução.
Carlos Alexandre exige assim mais garantias por parte de Luís Filipe Vieira que, enquanto não as der, irá permanecer em prisão domiciliária, onde se mantém há mais de duas semanas.
Ações valiam 1,8 milhões há um mês
Em causa na recusa está o valor das ações da SAD, uma empresa cotada em que as oscilações costumam ser abruptas porque a troca diária de títulos é reduzida.
Esta é a quinta sessão consecutiva em que as ações do Benfica estão a negociar acima dos 4 euros, estando a ser trocadas pelos investidores por 4,37 na sessão desta quarta-feira. Mesmo sem o negócio do norte-americano John Textor, estes são os preços mais altos a que a SAD transaciona em bolsa desde a oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo clube e que foi travada pela CMVM, no primeiro trimestre de 2020.
Com a avaliação de hoje, a SAD encarnada vale mais de 100 milhões de euros. Aos preços de hoje, as 753 615 ações nas mãos de Luís Filipe Vieira valem praticamente 3,3 milhões de euros. Mas a oscilação recente é tal que ao recuar um mês, mais precisamente a 28 de junho, as ações valiam 2,83 euros, o que quer dizer que tinham um valor de mercado de apenas 1,8 milhões de euros.
Comunicado do CSM
Já depois de publicadas algumas notícias sobre o caso, o juiz Carlos Alexandre solicitou ao Conselho Superior da Magistratura para emitir um comunicado.
"Na sequência de notícias hoje veiculadas pela comunicação social, que não tiveram origem no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), e no sentido de esclarecer a opinião pública, informa-se que foi ontem proferido despacho pelo senhor Juiz de Instrução titular do processo Cartão Vermelho a respeito das propostas de prestação de caução apresentadas pelos arguidos, tendo o mesmo sido notificado às respetivas defesas por carta registada remetida no dia de ontem."
O Expresso voltou a contactar Magalhães e Silva que garantiu não ter recebido qualquer informação por parte do tribunal sobre a proposta da caução apresentada pela defesa.
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