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Face à “confusa” organização do Desporto, o Governo vai criar um plano estratégico e investir mais no setor. Mas como? E o IPDJ?

Face à “confusa” organização do Desporto, o Governo vai criar um plano estratégico e investir mais no setor. Mas como? E o IPDJ?
Federação Portuguesa de Futebol

São quatro páginas dedicadas ao Desporto no Programa do Governo, que pretende criar um plano nacional face “ausência de política pública para o desporto” apoiado por “um programa de investimento robusto” para aproximar Portugal das médias da UE em prática desportiva e dinheiro investido por habitante (das quais, hoje, está longe). E o documento nada diz em relação ao Instituto Português do Desporto e da Juventude, que está numa espécie de limbo: opera, em parte, numa área para a qual foi criado um ministério e responde, em teoria, a um secretário de Estado que está na esfera de outro ministro

Em 2012, desafiado por Fernando Gomes, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a fazer crescer o futsal de modo a ser a modalidade de pavilhão mais praticada no país, Pedro Dias centrou a sua dedicação a juntar bocas e ouvidos. Criou uma equipa, chamou à baila tudo o que eram intervenientes no futsal, realizou milhares de questionários individuais e reuniu os contributos que sustentaram o Plano Estratégico Nacional que norteia a prática. Hoje há números de federados e títulos internacionais (Liga dos Campeões de clubes, Europeus e Mundiais na seleção) a comprovarem o sucesso, por isso, o novo secretário de Estado parece querer aplicar o molde ao Desporto português.

É o que se entende das quatro páginas (em 185) dedicadas ao setor no Programa de Governo, conhecido esta quarta-feira. As pistas não se acanham. A intenção de unir está lá - “gerar um alinhamento coerente, estratégico e funcional entre todos os agentes de desenvolvimento desportivo”. Os indícios da perceção das carências também - “constata-se uma ausência de política pública para o desporto nacional ancorada num documento de orientação, com dotação orçamental, objetivos e métricas a atingir”. E a vontade em erigir esse guia, idem, seja na “elaboração de um Plano Estratégico” para o Desporto e outro de “Ação Nacional para a atividade física”. De intenções está o documento cheio e não tanto no que toca a coisas palpáveis de modo a chegar aos objetivos propostos.

Um deles está na crença do Governo de que “o verdadeiro potencial de desenvolvimento desportivo do País será alcançado” através de “um programa de investimento robusto e com critério”. Chegará o dia em que este executivo do PSD vai apresentar a sua proposta de Orçamento do Estado, mas, o anterior, feito pelo PS, era magro na dotação ao Desporto: 50,3 milhões de euros, menos 700 mil face à última verba dedicada antes da pandemia e bastante longe dos €87,4 milhões consignados em 2014, no último ato orçamento do último Governo social-democrata. No Programa agora revelado, o executivo de Luís Montenegro quer “aproximar o investimento direto no Desporto e os indicadores de prática desportiva da média dos países da União Europeia”. Por enquanto, há um continente a separar a realidade deste objetivo: Portugal investe cerca de 40€ por habitante na área e a média na UE é de 113€.

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