Pela primeira vez em 21 anos, o Governo concedeu insígnias ministeriais ao Desporto. Apesar de integrar a tríade de preocupações de Margarida Balseiro Lopes, a arcar igualmente com as pastas da Juventude e da Cultura, as expectativas quanto ao robustecimento do setor subiram.
A proposta de Orçamento do Estado para 2026 chegou para, como sempre, tentar com os valores disponíveis nos cofres públicos responder aos múltiplos requisitos. Intensificando o scroll pelo documento, o Desporto surge ligado a redondas promessas como “promover a prática de atividade física e desportiva não federada”, “um forte compromisso com o desporto de alto rendimento” ou “intensificar o investimento no programa de preparação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Los Angeles 2028”, remetendo o Governo também para o Plano Nacional de Desenvolvimento Desportivo, a quatro anos, até 2018.
O valor da dotação do Desporto chega de mãos dadas com a área da Juventude, para ambas 155,5 milhões de euros, “um crescimento de 9,1% face à estimativa de 2025”, pode ler-se na proposta entregue na Assembleia da República. Mas não é claro o que calha a quem.
No documento do qual se espera uma exposição detalhada sobre o destino a dar ao dinheiro, o valor a que o Desporto terá direito é inconclusivo. A leitura da dotação para esta área é “difícil de fazer” e tem alíneas “demasiado genéricas para compreender que tradução prática terão no próximo ano”, avalia Daniel Monteiro, presidente da Confederação do Desporto de Portugal.
Pelo segundo ano consecutivo, a verba destinada ao setor levanta questões. Em 2025, o Governo apresentou uma versão inicial do Orçamento do Estado que foi corrigida no dia seguinte para €54,5 milhões, um aumento face aos €42,5 milhões inicialmente apresentados. O valor definitivo configurou uma subida de 8,3% face a 2024. “Esse acréscimo não teve reflexo direto no terreno, nem se traduziu em qualquer reforço de financiamento”, apontou o responsável do organismo que senta à mesma mesa as federações desportivas nacionais.
“Neste momento, nem a proposta de Lei nem o relatório do Orçamento do Estado permitem identificar com clareza as áreas específicas de investimento”, refere Daniel Monteiro. A Tribuna Expresso pediu esclarecimentos à Secretaria de Estado do Desporto, mas até à publicação deste texto não foi possível obter resposta.
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