Automobilismo

As 24 horas de Fronteira: sem lama, algum pó, mas com invasão de ‘aranhiços’

Descida para o Porto do Cego com um “aranhiço” em primeiro plano.
Descida para o Porto do Cego com um “aranhiço” em primeiro plano.
Paulo Maria/ACP

A mais famosa e credenciada prova portuguesa de resistência em todo-o-terreno, as 24 Horas Vila de Fronteira, foi este ano alvo de uma invasão veículos SSV, os vulgares ‘aranhiços’, que já representam cerca de 20% dos inscritos

As 24 horas de Fronteira: sem lama, algum pó, mas com invasão de ‘aranhiços’

Rui Cardoso

Jornalista

A mais famosa e credenciada prova portuguesa de resistência em todo-o-terreno, as 24 Horas Vila de Fronteira, entra no seu 26.º ano. Realiza-se de 6 a 8 de dezembro nesta simpática vila do norte alentejano, a mesma onde em 1384 e contra todas as probabilidades, os irregulares de Nuno Álvares Pereira derrotaram a cavalaria castelhana. Organizada pelo ACP, atrai anualmente dezenas de milhares de visitantes e conta com nomes sonantes do desporto automóvel, tanto nacional como estrangeiro.

A edição deste ano não tem a lama, a água e os buracos do ano passado, mas, até ver, também não tem o tão temido pó. Pelo menos, não em grande quantidade. Marca, provavelmente, um segundo ponto de viragem nesta corrida.

Dos buggies aos SSV

Entre 1998 e 2004 a corrida era basicamente disputada por jipes e pick-ups. Daí para diante consumou-se a supremacia dos protótipos franceses feitos especialmente para este tipo de provas, caso dos luso-franceses da equipa Andrade (vencedores em 2001), sem esquecer os Poletti, Morize, Charbonier, etc. Agora, esboça-se nova inflexão com uma verdadeira invasão de SSV (vulgo ‘aranhiços’) que, na prova deste ano, representam já perto de 20% dos inscritos.

Conforme escrevi o ano passado, não virá longe o dia em que um veículo deste tipo triunfe em Fronteira. O que não seria surpreendente em função da Baja Portalegre 500, em outubro passado, com quatro ‘aranhiços’ nos quatro primeiros lugares. É certo que uma prova em linha difere de uma de resistência, mas o sinal está dado.

A festa para todos

O que não muda em Fronteira é a presença de equipas amadoras, muitas vezes em veículos improváveis. É o caso de uma pick-up Peugeot 504 que por aqui marca presença desde 2004, sem esquecer uma Renault 4 featured by Cadaval. A que se junta um lote não despiciendo de pick-ups 4x4 a gasóleo (Mazda, Toyota, mas sobretudo Nissan Navara) e pequenas relíquias desde um Lada Niva a um Suzuki Jimny. Há duas equipas integralmente femininas (misóginos arrepiem-se) e uma outra com pilotos portadores de algum grau de deficiência, capitaneada pelo atleta paralímpico Telmo Pinão e com o apoio do pluricampeão nacional Miguel Barbosa.

Com um piso, por enquanto pouco degradado, a largada realizar-se-á este sábado, dia 7, pelas 15h, sendo a chegada à mesma hora de domingo. De tudo isto vos falarei em futuras crónicas, a próxima das quais dedicada às razões pelas quais, ao fim de 25 anos a participar nesta prova, resolvi regressar, já não ao volante do venerável e decrépito Nissan Patrol, mas de um carro verdadeiramente do outro mundo.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: rcardoso.expresso@gmail.com