As Aces venceram o terceiro título da WNBA em quatro anos e talvez nunca venhamos a saber como. O que acontece em Vegas fica em Vegas
Christian Petersen
As Las Vegas Aces precisaram de ir ao fundo do poço para darem a volta a uma época que parecia perdida. Após uma derrota por 53 pontos, venceram todos os jogos da fase regular que se seguiram e chegaram aos playoffs em boa forma, vencendo as Phoenix Mercury na final
Tudo isto começou com um desaire por 53 pontos. Em toda a história da WNBA, nunca antes uma equipa a jogar em casa tinha sido derrotada por uma diferença tão grande. Ao fim de 28 jogos na fase regular, as Aces tinham perdido tantas vezes quanto as que tinha vencido.
Por mais ínfima que fosse a inspiração, era altura de juntar os pedaços restantes e dar-lhes tempo para prosperarem. Depois da queda no precipício, o conjunto de Las Vegas percebeu que o poço tinha fim e regressou desse momento negro como se de umas férias se tivesse tratado. O trauma foi, afinal, um tratamento revitalizador: a partir daí, ganharam todos os restantes jogos da fase regular.
“Ao longo deste caminho, partilhei lágrimas com todas as jogadoras, especialmente este ano. Este título bateu-me de uma forma diferente, porque foi diferente. Existiram muito mais adversidades do que antecipávamos.” As confissões de Becky Hammon são mais emocionais do que conclusivas. No final, os verdadeiros segredos para a conquista do terceiro título em quatro anos ficarão em Vegas, o antro de assuntos que nunca mais serão remexidos.
A dinastia das Las Vegas Aces começou em 2022 quando Becky Hammon deixou de ser adjunta de Gregg Popovich nos Spurs. Não se despediu da organização texana sem se tornar na primeira mulher a desempenhar, temporariamente, o papel de treinadora principal na NBA, rendendo o mago dos bancos quando este foi expulso durante um jogo, em 2020. Antes de rumar à WNBA, foi uma das três pessoas finalistas no processo de recrutamento para que os Portland Trail Blazers encontrassem um técnico apto a estar à frente da equipa, mas não foi a selecionada.
As comemorações de A’ja Wilson e Becky Hammon
Christian Petersen
Para conquistar a WNBA esta época, a treinadora de 48 anos escreveu e rasgou folhas até descobrir a maneira certa de devolver as Aces aos desempenhos convincentes. A decisão mais difícil e de maior coragem foi a de remeter Jewell Loyd, três vezes campeã, seis vezes All-Star e invicta em jogos das finais, à condição de suplente.
Após a derrota por 53 pontos contra as Minnesota Lynx, as Aces venceram todos os restantes 16 jogos da fase regular e chegaram aos playoffs numa forma mais reconhecível. Para repetirem o feito de 2022 e 2023, bateram Phoenix Mercury em quatro encontros (89-86, 91-78, 90-88 e 97-86) na primeira final de sempre à melhor de sete. Eliminadas pela equipa de Las Vegas foram também as Seattle Storm e as Indiana Fever.
Em mais uma etapa na rota para ser a melhor jogadora de sempre, A’ja Wilson tornou-se na primeira ganhar, numa temporada, o prémio de MVP da fase regular, MVP das finais e o troféu de Melhor Defensora do Ano. A poste estabeleceu ainda o recorde de pontos marcados em apenas uma postseason, sendo que o registo mais elevado na temporada regular também lhe pertence.