Ao todo, foram 26 os processos aos quais José Augusto Silva acedeu ilegalmente no CITIUS, usando credenciais de duas funcionárias do tribunal de Fafe e de Ana Paula Vitorino, Procuradora da República.
Segundo a acusação a que a Tribuna Expresso teve acesso, José Augusto Silva, que se referia a si próprio como “o amigo 66” - provavelmente por ter o mesmo nome de José Augusto, antiga glória do Benfica que brilhou no Mundial de 66 - entrou no sistema sempre a pedido de Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, a quem passou posteriormente as informações.
Estes são os processos:
A corrupção, circa 2010
O primeiro processo consultado por José Augusto Silva está relacionado com um caso de corrupção desportiva que entrou em segredo de justiça em 2010 e que foi arquivado ao fim de seis anos, a 23 de setembro de 2016
O massagista e o Belenenses
Usando as credenciais de Ana Paula Vitorino, José Augusto Silva consultou o processo que opôs Pedro Manuel Safara da Silva Inácio ao Belenenses. Pedro Inácio era massagista do clube lisboeta e alegava salários em atraso e indemnizações.
“A Bola” e Miguel Sousa Tavares
Noutro âmbito, o arguido investigou o processo interposto pelo FC Porto contra o jornal “A Bola” e o jornalista Miguel Sousa Tavares, colaborador deste periódico desportivo.
A Doyen
As queixas movidas pela Doyen, o fundo de investimento, contra o Sporting e as contra-queixas do Sporting contra a Doyen também foram acedidas indevidamente por José Augusto Silva.
Benfica contra o mundo
Ficou célebre a queixa contra terceiros interposta pelo Benfica por acesso indevido ao sistema informático, quando os e-mails internos começaram a ser despejados online.
Os vouchers
Se bem se lembram, foi Bruno de Carvalho quem denunciou o caso dos vouchers, na TVi24. E isso levou a uma abertura do processo ao qual José Augusto Silva acedeu várias vezes, reportando sempre a Paulo Gonçalves, claro.
SEF
O processo é este: “eventuais crimes cometidos em departamento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)”. Neste inquérito, Paulo Fernandes e Rui Pereira, ambos responsáveis do Benfica, foram investigados por aquisição de bilhetes.
SS
O caso: alegada corrupção no centro distrital da Segurança Social de Lisboa. Houve uma investigação por existência de créditos em conta titulada pelo Benfica.
Viagens GALP
José Augusto Silva também espreitou a investigação decorrente à oferta de bilhetes e viagens a políticos e detentores de cargos públicos durante o Euro2016 que Portugal acabou por vencer.
O sérvio
Às tantas, Maria de las Mercedes Peña Y Moreno intentou uma ação contra Fejsa e José Augusto Silva também controlou o andamento da investigação. Quem é Maria de Las Mercedes Peña Y Moreno? O jornal El Periódico conta uma história, em 2015, em que o Tribunal dos Direitos Humanos condenou o governo português de expropriar os terrenos de uma família espanhola, em Oeiras.
As claques e o IPDJ
Esta é uma história que recentemente conheceu novos episódios, pois o Benfica corre o risco de ter um jogo à porta fechada por não ter legalizado as suas claques. O IPDJ fez queixa do seguinte: “acesso ilegítimo através do qual desconhecidos acederam a computador daquela instituição e colocaram no ecrã inicial pastas relacionadas com as ‘claques do Benfica’”.
Os jogos combinados da II Liga
Isto está relacionado com o processo “Jogo Duplo” em que jogadores de equipa da II Liga foram investigados por ‘entregarem resultados’ em troca de subornos. Alguns dos jogos visados tinham o Benfica B em ação.
Os e-mails
O caso dos e-mails, provavelmente o mais mediático de todos que envolve o Benfica, investiga um eventual esquema de corrupção na arbitragem para beneficiar o clube. Neste caso, Paulo Gonçalves pediu a José Augusto Silva que descobrisse a identificação da magistrada que estava a investigar o caso dos e-mails, a identificação dos denunciados (Adão Mendes, Pedro Guerra e a Benfica,SAD), os vários despachos e os encarregados de justiça afetos ao processo
Outros
José Augusto Silva também acedeu ilegalmente a outros vários processos para consultar o andamento dos mesmos: a queixa do Benfica contra Francisco J. Marques, que denunciou alguns e-mails no Porto Canal; as queixas do Benfica contra Bruno de Carvalho (à altura, presidente do Sporting) e Nuno Saraiva (diretor de comunicação do Sporting); o processo arquivado que envolvia Mário Centeno, bilhetes e um alegado favorecimento no IMI para o filho de Luís Filipe Vieira; a queixa de Bernardino Barros contra Hugo Gil, um dos pontas de lança da comunicação do Benfica nas redes sociais, tendo este pedido ajuda a Paulo Gonçalves por mensagem; e processos relativos a César Boaventura, o empresário de jogadores que, numa reportagem da SIC, surgiu como tendo aliciado futebolistas do Marítimo num Marítimo-Benfica de 2015-16.