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OPA: Benfica só assegura controlo reforçado da SAD em 2020

OPA: Benfica só assegura controlo reforçado da SAD em 2020
Mike Hewitt/Getty Images

A OPA anunciada do clube à SAD ainda não foi lançada formalmente e o final de 2019 está aí. Já é certo que só no próximo ano é que a operação será finalizada. E, na verdade, ainda nem se sabe quando começa. Tudo depende da CMVM

OPA: Benfica só assegura controlo reforçado da SAD em 2020

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Não será em 2019 que o Benfica conseguirá o controlo reforçado da sua sociedade anónima desportiva (SAD). A oferta pública de aquisição (OPA) ainda não recebeu luz verde do regulador dos mercados para avançar. Tendo um prazo de duração de duas semanas, e já faltando menos de duas semanas para o final do ano, a operação irá arrastar-se para 2020.

O clube liderado por Luís Filipe Vieira pretende que a sua posição na SAD passe de 67% para 95%, e, para isso, propôs-se a adquirir as ações a 5 euros, um preço bastante superior àquele a que transacionavam em bolsa (2,76 euros).

Foi a 18 de novembro que foi lançado o anúncio preliminar da (OPA). Após esta divulgação, o Benfica tinha 20 dias para solicitar o registo da oferta, e para entregar o projeto de prospeto, documento em que será elencada informação sobre a operação e sobre a empresa.

Após a entrega desses documentos, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) tem de avaliar se o documento apresenta toda a informação essencial e depois optar, ou não, pelo registo da operação. Havendo esse registo, avança a operação.

Quem já se pronunciou foi a administração da SAD encarnada, que aceitou as condições e elencou mesmo razões para que a OPA tivesse sucesso (a liderança das empresas que são alvo de OPA têm sempre de dar a sua opinião). O Benfica pode gastar 32 milhões nesta oferta, que o presidente, Luís Filipe Vieira, defende que servirá para proteger a SAD de ofensivas de investidores externos – “acho que o Benfica está muito apetecível, por isso, tinha que se salvaguardar”.

O Benfica pretende que a operação, em que poderá adquirir cerca de 23% das 28% de ações da SAD que não controla, se prolongue por duas semanas. Mesmo que a CMVM registasse a oferta esta terça-feira para se iniciar na quarta-feira, dia 18 de dezembro, não terminaria em 2019, mas sim já nos primeiros dias de 2020.

O Benfica tinha intenção de acelerar este processo, tendo havido até a expectativa de concretizar a operação ainda este ano, o que já não acontecerá. Nem o Benfica nem a CMVM fizeram comentários às questões de calendário colocadas pelo Expresso.

Maior acionista só decide se vende quando houver OPA

É na oferta que os acionistas terão oportunidade de alienar os títulos da SAD. O maior acionista individual, com 12,7%, o empresário José António dos Santos afirmou ao Expresso que só quando a OPA estiver a correr é que decide se vende as suas ações ou se as mantém. Entre os maiores acionistas da SAD estão também o construtor civil José Guilherme, Joaquim Oliveira e a Quinta de Jugais.

Luís Filipe Vieira também está entre os maiores acionistas mas, fazendo parte do clube, não poderá vender na operação. Contudo, fica assegurado que poderá alienar todas as suas ações quando sair da presidência do Benfica (“em 2001 coloquei 4 milhões de euros [para a constituição da SAD] e o que vier a receber um dia é meu”).

Assim, Vieira pode encaixar quase 3,77 milhões – ainda que as regras de mercado possam limitar a venda de toda a posição. Na verdade, tudo vai depender do que acontecer no decorrer da OPA e de quantos acionistas quiserem vender.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dcavaleiro@expresso.impresa.pt