OPA do Benfica é incomparável

O facto de todos os acionistas não poderem vender na OPA; o facto de o preço ser muito superior ao do mercado: estas são duas dimensões numa operação em que o Benfica quer reforçar o controlo da sua SAD
O facto de todos os acionistas não poderem vender na OPA; o facto de o preço ser muito superior ao do mercado: estas são duas dimensões numa operação em que o Benfica quer reforçar o controlo da sua SAD
Diogo Cavaleiro
A oferta pública de aquisição do Benfica à sua sociedade anónima desportiva (SAD), anunciada em novembro mas que ainda aguarda luz verde, é uma operação com dimensões que não são comparáveis, segundo caracteriza a Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM). Apesar do atraso em autorizar a OPA, o regulador desdramatiza.
"A operação está a decorrer dentro das perfeitas condições de normalidade. Há uma série de dimensões que são muito específicas que não tem comparável, e é preciso obter toda a informação para que a decisão da CMVM seja robusta", declarou a presidente do regulador do mercado de capitais, Gabriela Figueiredo Dias, em conferência de imprensa onde explicou as prioridades para 2020.
O administrador da CMVM, João Gião, especificou essas dimensões. Trata-se de uma "oferta parcial": o clube tem já 67% da SAD e quer chegar até aos 95%.
A oferta também tem um preço superior ao que era praticado no mercado, com 5 euros, quando a cotação em novembro estava em torno de metade desse valor. E, apesar disso, como a oferta é voluntária, não pode ser pedida a intervenção de um auditor independente.
Há também a possibilidade de os administradores da SAD que são acionistas, como é o caso de Luís Filipe Vieira, poderem vender os seus títulos quando saírem de funções a 5 euros.
"É uma dimensão informativa relevante", assume João Gião, acrescentando que é "importante que os destinatários da oferta saibam que esta possibilidade existe".
O Benfica já entregou em novembro o anúncio da oferta, mas é agora necessário ter luz verde para esta se concretizar. Durante duas semanas, os acionistas terão depois a possibilidade de vender os títulos.
Os pedidos de informação sobre o tema por parte do supervisor dos mercados tem atrasado o calendário da operação, como o Expresso tem dado conta. Não havendo comparação, há aspetos novos que obrigam, por isso, a CMVM a olhar com especial atenção.
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