Benfica

CMVM recusa esclarecimentos sobre OPA do Benfica

CMVM recusa esclarecimentos sobre OPA do Benfica
Gualter Fatia
O maior acionista individual da Benfica SAD, José António dos Santos, revelou à Tribuna Expresso não querer vender as suas ações, depois de questionado sobre os negócios imobiliários que o ligam ao presidente do clube. Supervisor do mercado de capitais recusa fazer comentários sobre a operação anunciada há três meses
CMVM recusa esclarecimentos sobre OPA do Benfica

Miguel Prado

Jornalista

Três meses depois do anúncio da oferta pública de aquisição (OPA) do Sport Lisboa e Benfica sobre a Benfica SAD, a operação permanece sob avaliação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), mas a entidade liderada por Gabriela Figueiredo Dias mantém o silêncio sobre este processo. "A CMVM não vai comentar a OPA", notou fonte oficial do supervisor do mercado de capitais depois de questionado pela Tribuna Expresso sobre o que falta para a CMVM tomar uma decisão.

A Tribuna Expresso questionou igualmente a CMVM sobre se esta foi informada dos negócios imobiliários conjuntos entre o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o maior acionista da Benfica SAD (a seguir ao próprio clube), José António dos Santos, que será o maior beneficiário potencial da operação, que lhe pode render uma mais-valia de 11 milhões de euros, e sobre se esta relação entre os dois é suscetível de interferir com a decisão da CMVM sobre a OPA. Mas a CMVM não respondeu.

Da mesma forma, o supervisor do mercado de capitais não quis esclarecer sobre se a CMVM fez alguma diligência junto da Benfica SAD para saber se esta foi informada, e quando, por José António dos Santos de que este não tenciona vender as suas ações na OPA, conforme o empresário, presidente da Valouro, afirmou à edição do passado sábado do Expresso.

Em janeiro a presidente da CMVM pronunciou-se sobre a operação sem avançar pormenores. "A operação está a decorrer dentro das perfeitas condições de normalidade. Há uma série de dimensões que são muito específicas que não tem comparável, e é preciso obter toda a informação para que a decisão da CMVM seja robusta", declarou a presidente do regulador do mercado de capitais, numa conferência de imprensa onde explicou as prioridades para 2020.

A OPA sobre a Benfica SAD foi anunciada a 18 de novembro de 2019. O clube da Luz, dono de 67% da SAD, propõe pagar 5 euros por cada ação da SAD, o que, quando do anúncio, representava um prémio substancial face ao valor a que os títulos da Benfica SAD estavam a ser transacionados (nos seis meses anteriores a cotação média das ações foi de 2,81 euros).

O Benfica avançou várias justificações para a operação, entre as quais permitir aos acionistas vender os títulos ao valor a que as ações foram originalmente colocadas em bolsa, mas também permitir ao Benfica resistir melhor a eventuais investidas de investidores não desejados.

A seguir ao Benfica (clube), o maior acionista da Benfica SAD é José António dos Santos, que tem 12,7% da empresa. Entre os outros acionistas com participações qualificadas (superiores a 2%) estão o construtor José Guilherme, Joaquim Oliveira, Quinta dos Jugais e ainda o presidente do clube, Luís Filipe Vieira.

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