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Benfica SAD: Novo empréstimo custa cerca de um milhão em comissões

As águias pagarão um juro mais alto para levantar 35 milhões de euros junto dos investidores face ao que ofereceram no ano passado, e a este encargo somam o preço da montagem da operação, que custará à Benfica SAD cerca de 1,2 milhões de euros

A Benfica SAD terá encargos de 1,2 milhões de euros na realização do seu novo empréstimo obrigacionista, que visa refinanciar a sociedade encarnada em 35 milhões de euros. A maior parte desses encargos vai para os bancos contratados para esta operação, que será coordenada pelo Haitong.

No prospeto do empréstimo, publicado no sábado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Benfica SAD informa que o montante obtido na operação se traduzirá num encaixe líquido menor, após a dedução do valor das comissões de organização e colocação dos títulos e respetivos impostos, no montante de 955 mil euros.

A esse encargo, a Benfica SAD somará custos de 210 mil euros com consultores, auditores e publicidade e 33 mil euros pelo registo da operação na CMVM, Interbolsa e Euronext.

No empréstimo obrigacionista realizado no ano passado, para o período 2019-2022, e no valor de 40 milhões de euros, a Benfica SAD suportou encargos superiores, pagando 1,35 milhões em comissões aos bancos, 180 mil euros em consultores, auditores e publicidade e 49 mil no registo da oferta.

Mas estes não serão os únicos custos do empréstimo. A maior despesa virá dos juros que a SAD encarnada pagará aos investidores ao longo dos três anos da emissão.

Juro de 4% ao ano

Oferecendo aos investidores um juro de 4% ao ano, o Benfica terá encargos ligeiramente maiores do que no anterior empréstimo obrigacionista, lançado no ano passado com um juro de 3,75%.

Nesta nova emissão a Benfica SAD gastará, portanto, 1,4 milhões de euros anuais em juros para pagar aos obrigacionistas, num total de 4,2 milhões ao longo do empréstimo.

Entre juros e comissões da realização do empréstimo, a Benfica SAD gastará um total de 5,4 milhões de euros (pouco mais de 15% do valor que receberá emprestado).

A Benfica SAD tem optado nos últimos anos por suprir as suas necessidades de financiamento com empréstimos obrigacionistas, mais do que com crédito bancário, que também se tornou mais difícil de obter depois de os maiores bancos terem decidido reduzir a sua exposição ao futebol.

Riscos na oferta?

As obrigações são títulos de dívida que podem ser transacionados no mercado, mas comportam mais riscos para quem investe do que a aplicação de dinheiro em depósitos a prazo, por exemplo.

Um dos riscos é o de incumprimento da entidade emitente dos títulos. Recorde-se que a Sporting SAD há pouco mais de dois anos teve de pedir aos investidores a aprovação de um adiamento no reembolso de 30 milhões de euros em obrigações, por falta de liquidez.

Já este ano, em abril, também a Futebol Clube do Porto SAD veio propor o adiamento por um ano do reembolso de um empréstimo de 35 milhões de euros.

No prospeto da operação agora anunciada a Benfica SAD alerta, como é habitual nestas emissões de dívida, para um conjunto de riscos que pendem sobre a sua atividade.

Entre eles, o risco da variação de receitas da Benfica SAD em função dos resultados desportivos, e, agora, o risco da pandemia de Covid-19, nomeadamente pela redução de receitas de bilheteira e de transações de jogadores, bem como uma potencial redução de prémios da UEFA.

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