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Movimento 'Servir o Benfica' questiona negócios de Rui Costa e do filho. Alegam possível "violação clara" dos Estatutos do clube

Movimento 'Servir o Benfica' questiona negócios de Rui Costa e do filho. Alegam possível "violação clara" dos Estatutos do clube
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Em causa estará o artigo 44.º dos Estatutos do Benfica, devido a supostas "relações comerciais ou prestações de serviços" entre o clube e a Footlab, empresa da qual Rui Costa será o principal acionista e que tem o filho do vice-presidente como CEO - que, alegadamente, terá participado no processo de contratação de três jogadores para a equipa de futebol feminino do Benfica

Francisco Benítez, líder do movimento 'Servir o Benfica', enviou, esta quinta-feira, em conjunto com outros dois sócios, um pedido de esclarecimento do Conselho Fiscal do clube sobre o que alegam poder ser uma "violação clara dos Estatutos do Sport Lisboa e Benfica" cometida por Rui Costa.

Em causa estará uma suposta "relação comercial ou de prestação de serviços" entre o Benfica e a Footlab, empresa da qual o vice-presidente do Benfica será o proprietário através da 10 Invest, sociedade da qual "será o principal acionista" e que, por sua vez, é "a detentora dos direitos" da marca Footlab - onde o filho do ex-jogador exerce funções de CEO.

Segundo o n.º 4 do artigo 44.º dos Estatutos do clube, "os membros dos órgãos sociais não podem, direta ou indiretamente, estabelecer com o Clube e sociedades em que este tenha participação relevante, relações comerciais ou de prestação de serviços, ainda que por interposta pessoa, considerando-se para estes efeitos, nomeadamente, o cônjuge, ascendentes e descendentes".

As alegações do movimento 'Servir o Benfica' questionam, em parte, a participação de Filipe Costa na contratação de três jogadoras para a equipa de futebol feminino do clube: Caroline VanSlambrouck, a 15 novembro 2019; Thembi Júnior Kgatlaba, a 27 janeiro 2020; e Ucheibe Christy, a 14 fevereiro 2020.

Porque, lê-se na carta enviada ao Conselho Fiscal do Benfica, "foi divulgado em diversos meios que o vice-presidente do clube será - através de uma sociedade por si detida - o proprietário da marca Footlab, a qual realizará, segundo o representante da própria, diversos negócios com o Sport Lisboa e Benfica".

Na sua página de LinkedIn, o filho de Rui Costa identifica-se como CEO da Footlab. Questionado pela Tribuna Expresso acerca da existência de contratos de representação ou de parceria com Filipe Costa, o Benfica não enviou qualquer resposta até ao momento.

Na carta enviada ao Conselho Fiscal do Benfica, o movimento argumenta que a Footlab terá, "de acordo com as informações tornadas públicas, igualmente, uma parceria com o Sport Lisboa e Benfica, através da qual o clube instalou uma escolinha de futebol nas instalações da dita Footlab, não sendo divulgados os valores comerciais da mesma".

Na mesma rede profissional, o filho do vice-presidente do clube da Luz surge como "Business Consultant" da Ksirius Sports Management, uma agência de representação com sede em Lisboa e fundada em 2015. Tão pouco foi possível obter uma resposta ao pedido de informações relativo às funções de Filipe Costa na empresa e ao seu eventual papel de intermediação nos três negócios apontados.

No final da carta enviada aos membros do Conselho Fiscal do clube, o movimento 'Servir o Benfica' questiona:

"1. São do conhecimento do Conselho Fiscal as alegações ora mencionadas?

2. Qual o valor total transacionado até à presente data entre o Sport Lisboa e Benfica e a sociedade Footlab?

3. E entre o Sport Lisboa e Benfica e a sociedade Ksirius Football Management, que aparece sempre mencionada nas transações acima referidas?

4. Existe ou existiu algum contrato em vigor entre o Sport Lisboa e Benfica ou qualquer uma das empresas do grupo Benfica com as sociedades 10 Invest Lda. ou Ksirius Football Management?

5. A confirmar-se estas informações, o que irá fazer o Conselho Fiscal perante a gravidade dos factos, nomeadamente no que respeita à ação disciplinar sobre o acima referido funcionário, prevista no art. 44°, n° 10 dos estatutos?

6. O que tem feito e irá fazer o Conselho Fiscal para garantir a não existência de conflitos de interesses evidentes entre funcionários do clube e fornecedores do mesmo, como parece resultar no caso em apreço?"

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dpombo@expresso.impresa.pt