Benfica

Bruno Lage acha que José Mourinho vai ser “muito mais feliz” com o plantel que, pelos vistos, vai herdar no Benfica

Bruno Lage acha que José Mourinho vai ser “muito mais feliz” com o plantel que, pelos vistos, vai herdar no Benfica
Sports Press Photo

Na manhã seguinte a ser conhecido o seu despedimento, Bruno Lage parou o carro à entrada do centro de treinos do Seixal e falou aos jornalistas para deixar claro que “o mais importante é o Benfica”. E, sem lhe perguntarem por ele, falou de José Mourinho, a quem desejou sorte

Um homem ao volante, descontraído, a frenar o carro diante da entrada do Benfica Campus. Na última vez (será?) que entrava no centro de treinos do clube, Bruno Lage quis parar à beira dos jornalistas atraídos para o local na manhã seguinte à madrugada quente: derrota com o Qarabag no arranque da Liga dos Campeões, lenços brancos na Luz, um coro de assobios na plateia, treinador despedido. “O mais importante é que desejo muito bem ao Benfica, foi isso que tentámos fazer neste regresso, foi nesse sentido que trabalhámos arduamente neste início de época”, disse Lage, ainda com óculos escuros.

Protagonista de um filme repetido na sua carreira, ao sair do Benfica no dealbar de uma nova temporada, Lage chutou para “as conferências de imprensa” nas quais “falámos”, no plural, sobre o que correu mal nesta sua segunda passagem pelos encarnados. Repetiu essa ideia, mas deixou no ar o peso de outras coisas que não especificou: “Infelizmente, como vocês sabem e fomos falando ao longo do tempo, alguns condicionalismos quer internos, quer externos, não nos permitiram fazer melhor.” Mas espera que o seu sucessor faça mais.

Entre sorrisos, dizendo não saber se “as notícias se confirmam”, falou por vontade própria de José Mourinho, o badalado homem que aí vem para onde Bruno Lage acabou. “Agora é desejar a maior sorte ao senhor que se segue”, brindou, de um setubalense para outro. “É um homem que conhece muito bem o Benfica, curiosamente jogou três vezes contra esta equipa, elogiou muitas vezes o plantel, o quanto ele dizia que eu era um homem feliz com as opções que tinha, certamente ele vai ser muito mais feliz”, acrescentou, indo buscar as declarações do antigo treinador do Fenerbahçe, adversário superado pelos encarnados no play-off de acesso à Champions.

Há coisa de um mês, Mourinho alongou-se, em Istambul e Lisboa, sobre os apetrechos e a qualidade disponível dos jogadores do Benfica, coberto pelo seu estilo de elogiar a matéria-prima alheia antes de defrontar um certo adversário. Fê-lo antes de ambos os jogos contra o Benfica, não o repetiu após a derrota na Luz. “Não gosto de encontrar desculpas para coisas que não têm desculpa: a equipa mais forte ganhou e mereceu”, reconheceu então. Os sinais e as notícias indicam que será o Special One, desempregado após ser despedido de mais um clube, o escolhido por Rui Costa para entrar no Benfica já a aquecer no forno para as eleições de 25 de outubro.

Serão esses, talvez, alguns dos tais “condicionalismos” referidos, à porta do Seixal, pelo bem-disposto Bruno Lage. “Nunca serei um problema para o Benfica”, disse na fervura da Luz, a quente após a derrota frente ao Qarabag. As notícias da imprensa desportiva dão conta de que o técnico abdicou de ser indemnizado pelo tempo que lhe restava no contrato (até ao final desta época). 

“O mais importante”, reforçou, “é que eu quero muito bem ao Benfica”. Eram essas as palavras que Bruno Lage queria deixar antes de engatar a mudança e fazer o carro mexer de novo. “Fez muito por mim e pela minha carreira, cheguei aqui para treinar as escolas, fui à equipa B, treinei a equipa sénior, projetou-me em termos internacionais de uma maneira que nunca pensei, proporcionou-me condições financeiras para eu e a minha família termos uma vida tranquila. Era isso que tinha para dizer.”

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