O êxodo encarnado bateu o recorde de afluência do Benfica a sete horas do fecho das urnas. A cinco, pulverizou o recorde mundial
Eleições para a presidência do Sport Lisboa e Benfica.
Nuno Fox
Cedo pela manhã, e apesar da chuva, viam-se sintomas do que viria a confirmar-se, pelas 15 horas, quando o site oficial do Benfica confirmou que o número de votantes desta eleição já tinha superado os 40.085 sócios que participaram no sufrágio de 2021. Às 17 horas, o ato eleitoral já tinha ultrapassado, com 58.808 votantes, a marca que o Barcelona fixara, em 2010
Chuvosa e cinzenta, a manhã cedo acumulou gente agasalhada e de guarda-chuva na mão em filas fartas nas redondezas do Estádio e do Pavilhão da Luz. Magotes de gente foram chegando, o dia outonal não as repeliu e a cada hora na cadência da atualização do número de votantes se percebeu o que aí vinha. Os 40.085 da anterior eleição, em 2021, não podiam estar sossegados.
A história tomou algo pela manhã, ainda almoçou, mas já não foi até ao lanche. Pelas 15h, quando o site do Benfica se refrescou de novidade, o número da afluência deste sufrágio de 25 de outubro rebentou com a marca. A essa hora já 41.321 sócios benfiquistas tinham votado de entre o lote de 160.182 elegíveis - quotas em dia, filiados há pelo menos um ano -, por sua vez vindos do universo de pouco mais de 400 mil registados no clube.
Uma hora volvida, o recorde já ia nos 49.015, equivalentes a 30% do total de votantes elegíveis. Outra hora depois, José Pereira da Costa proclamava o Benfica como “o maior clube do mundo” ao acrescentar outro recorde: com 58.808 sócios votantes registados, ultrapassava o recorde planetário do Barcelona. Tinham participado, até então, 36% dos filiados que cumpriam com os requisitos para poderem exercer o voto. E o recorde seria alargado dia e noite fora.
O relógio era amigo do Benfica, amicíssimo a mostrar a cidadania ativa dos seus sócios. Não é um clube de futebol, mas é o futebol que o carrega e o futebol, por vezes, move estas coisas. “Pela política não o faria, pelo Benfica faço”, disse um associado benfiquista, ao fim da manhã, no Seixal, quando estava há quase quatro horas na fila de espera para votar.
Eleições para a presidência do Sport Lisboa e Benfica.
Nuno Fox
Eleições para a presidência do Sport Lisboa e Benfica.
Nuno Fox
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Quase todos os seis candidatos à presidência do Benfica tinham gabado o potencial para um recorde ao juntarem-se às filas para votar. Luís Filipe Vieira foi o único a não tocar na possibilidade aquando da sua primeira intervenção do dia, também foi o único a não querer votar no Estádio da Luz, o palco onde os votos são contados. Agora, e ainda mais, também o símbolo do ato eleitoral mais concorrido para um clube desportivo em Portugal.
Os 58.808 votantes que irão engordar até às 22h, limite para as pessoas se colocaram na fila para uma urna, superam os 26.876 associados do FC Porto que o ano passado peregrinaram às urnas no ato que fez André Villas-Boas suceder a Jorge Nuno Pinto da Costa, o mais longevo presidente clubístico. E são mais do que os 22.510 de sócios do Sporting que votaram nas eleições leoninas de 2018, quando Frederico Varandas se tornou presidente.
Sem entidade ou listas que agrupem as afluências a eleições de clubes desportivos lá fora, o Barcelona estava há muito fixado como a cenoura a pairar diante da mira deste sufrágio do Benfica. Em 2010, foram 57.088 os sócios culés que colocaram Sandro Rosell na presidência, demonstração de participação quase igualada, no mesmo clube, em 2021, quando uns 56.300 filiados participaram na eleição que fez de Joan Laporta, pela segunda vez, líder do Barça.
Nesta conversa restrita entre clubes com vasta adesão em atos eleitorais, o Benfica também ultrapassou o Boca Juniores, cujo presidente, Juan Román Riquelme, a ocupar o cargo desde 2023, chegou à liderança da instituição azul e amarela de Buenos Aires num ato que registou à volta de 43 mil sócios votantes.