“Neste momento a fila no Estadio da Luz esta curta, da para votar em menos de 30 minutos. Vem fazer parte da mudanca, vota pelo Benfica. Vota lista F.” Entregue por SMS, com desprimor pela gramática e pontuação, esta foi a mensagem enviada a vários sócios do Benfica pela campanha de João Noronha Lopes durante o último sábado, aquando da primeira volta das eleições presidenciais do clube. Ainda muitas horas restavam para se conhecerem os resultados que dariam a vitória a Rui Costa, com 42,1% dos votos.
No segundo lugar ficou Noronha Lopes, com 30,2%, o visado da queixa feita pelo Benfica na Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) devido ao envio da tal mensagem para o telemóvel e e-mail de vários os associados. “Foi reportada pelos sócios a recolha de dados pessoais como nome, apelido, número de sócio, onde votou e o número de votos no momento da votação”, divulgou o clube, em comunicado, defendendo que as mensagens visaram “apelar ao voto numa lista em concreto”.
Logo ao início da madrugada de domingo, já com as urnas fechadas e após o Benfica-Arouca, alguns integrantes da lista de Noronha Lopes desvalorizaram o caso. Vítor Paneira, o vice-presidente para o futebol caso a lista vença as eleições, afirmou desconhecer o sucedido. António Bagão Félix, o escolhido para o Conselho Fiscal, imitou-o. O candidato a presidente só reagiria após a divulgação dos resultados finais. “É um não-assunto. Foi mandado para os voluntários da campanha. Acho que esse assunto foi esclarecido”, disse. José Pereira da Costa, o presidente da Mesa da Assembleia-Geral, não comentou o tema.
Alguns sócios que votaram em João Noronha Lopes indicaram à Tribuna Expresso que estavam inscritos na plataforma da candidatura e autorizaram, nesse site, a serem contactados no futuro. Mas, no sábado, houve relatos de que as mensagens terão chegado também associados sem um registo feito. “Eventualmente algum dos voluntários pode ter passado isso a outra pessoa”, defendeu o candidato, desvalorizando o caso.
Ao informar da queixa enviada à CNPD, o Benfica explica que recebeu “várias denúncias” relativas “à recolha ilegal de dados no decurso das eleições” e que competirá à entidade “analisar e agir em conformidade”. A segunda volta do sufrágio entre Rui Costa e João Noronha Lopes está marcada para 8 de novembro.
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