Futebol em Portugal
Demorou, mas a meio da tarde desta quinta-feira tornou-se público. Soube-se que os capitães das equipas da primeira e segunda ligas pediram a suspensão dos campeonatos, quando já se sabia que a Liga de Clubes estivera reunida com a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), o Sindicato de Jogadores, a Associação de Árbitros (APAF), de Treinadores (ANTF) e de Médicos (AMEF), para discutirem essa hipótese.
Primeiro, a Sport TV, que muito tem a dizer em tudo quanto é jogos e horários, anunciou que ia abrir a transmissão dos jogos das próximas duas jornadas (depois de, primeiro, anunciar apenas uma descida do preço da mensalidade), mas, coisa de uma hora depois, a FPF suspendeu as provas que lhe dizem respeito. À Taça de Portugal, ao Campeonato de Portugal (terceira divisão) e ao nacional de futsal seguir-se-iam, pela lógica, a Liga NOS e a Liga Pro.
Seguiu-se, porém, um silêncio, reinante durante quase duas horas. A Tribuna Expresso avançou que a decisão ia ser oficialmente anunciada: a primeira e segunda ligas acabariam suspensas por tempo indefinido, algo que a Liga de Clubes confirmou, em comunicado, por volta das 16h30.
Liga dos Campeões, Liga Europa e Euro 2020
Devido aos "desenvolvimentos em curso" relativos ao surto da covid-19 na Europa e à "análise em constante mudança da Organização Mundial de Saúde", a UEFA convidou representantes dos 55 países-membros a participarem em reuniões, feitas através de vídeoconferência, que acontecerão a 17 de março, próxima terça-feira, para "discutirem a resposta do futebol europeu ao surto".
Que é como quem diz, a UEFA e os líderes das associações vão esperar para ver como progride o surto nos países onde, na próxima semana, há jogos agendados das competições europeias para decidirem, por exemplo, se aplicam uma suspensão total das provas - o que inclui o Campeonato da Europa de 2020, cujo arranque está previsto para 12 de junho e jogar-se-á em Roma (Itália), Amesterdão (Holanda), Baku (Azerbaijão), Bilbao (Espanha), Bucareste (Roménia), Budapeste (Hungria), Copenhaga (Dinamarca), Dublin (Irlanda), Glasgow, (Escócia) Londres (Inglaterra), Munique (Alemanha) e São Petersburgo (Rússia).
É uma dúzia de cidades-sede e uma larguíssima área de quilómetros para seleções viajarem e milhares de adeptos irem atrás, potencialmente levando um vírus com eles, possivelmente arrastando um potencial de contágio, precisamente o tipo de situação a evitar. O "L'Équipe" escreveu, até, que a UEFA já pensará em adiar o Europeu para o verão de 2021, fazendo-o coincidir com o torneio feminino, para que haja tempo de combater a pandemia e acabar os campeonatos nacionais que estão a ser suspensos.
La Liga
Pela manhã, o Real Madrid anunciou que um jogador de basquetebol do clube testou positivo pelo coronavírus. Por a equipa partilhar instalações, em Valdebebas, nos arredores da capital espanhola, com o plantel principal de futebol, o Real decidiu colocar ambas as equipas de quarentena. Também encerrou a sua cidade desportiva.
Essa decisão, fora “possíveis resultados positivos em outros clubes”, motivou, depois, a La Liga a suspender o campeonato espanhol durante as próximas duas jornadas - e, colateralmente, a medida também se estendeu ao Manchester City-Real Madrid, jogo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, marcado para a terça-feira. Bernardo Silva e João Cancelo já não pisarão o relvado a meio da semana.
Série A
Os dois principais escalões do futebol italiano foram suspensos até 3 de abril, ou seja, as próximas duas jornadas não se realizarão. O que afeta, diretamente, Bruno Alves, capitão do Parma, e Cristiano Ronaldo, que viajou para a Madeira e, talvez, só retorne quando e se a Juventus jogar na Liga dos Campeões, na próxima semana.
Premier League
Fora o adiamento do Arsenal-Manchester City, agendado para quarta-feira, devido ao facto de vários jogadores do clube londrino terem confirmado contacto, o mês passado, com Evangelos Marinakis, presidente do Olympiakos que contrariu o vírus, ainda não houve qualquer anúncio de suspensão ou condicionalismo para os jogos da Premier League.
Esta quinta-feira, porém, Brendan Rodgers, treinador do Leicester, confirmou que três jogadores do Leicester, clube no qual joga Ricardo Pereira, revelaram sintomas da covid-19 e estão em quarentena voluntária.
NBA e Basquetebol
Sem ai, nem ui. A liga norte-americana de basquetebol foi pronta a agir e decretou, esta quinta-feira, a suspensão da NBA até ao final da época, após a realização dos jogos que já estão previstos para este dia. A organização "vai aproveitar este hiato para determinar os próximos passos de movo a seguir em frente relativamente à pandemia do coronavírus", resumiu, em comunicado.
O gatilho que desencadeou este processo de decisão foi um jogador dos Utah Jazz que, em análises preliminares, testou positivo para a covid-19. Tratou-se de um basquetebolista que nem sequer jogou contra os Oklahoma City Thunder. "O jogador nem estava na arena", garantiu a NBA, e, mais tarde, os Utah Jazz revelariam mais pormenores: "O jogador testou negativo para gripe, garganta inflamada e infeção respiratória, mas, como precaução, decidiu-se testá-lo para covid-19".
A Federação Portuguesa de Basquetebol suspendeu "todas as competições seniores até data a indicar". Também a Euroliga e a Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) decidiram o mesmo.
Fórmula 1
Todos os pilotos, escuderias e respetivos staff viajaram para a Austrália, onde está agendado o primeiro Grande Prémio da temporada. Para já, a organização não suspendeu os treinos ou a corrida e apenas a McLaren anunciou, em comunicado, a retirada da prova, porque “um membro da equipa testou positivo por coronavírus”.
A Fórmula 1 reagiu, apenas, dizendo que “está a coordenar-se com todas as autoridades relevantes” para averiguar “os próximos passos”, salvaguardando que “a prioridade é a segurança dos fãs, das equipas e de todo o staff” envolvido no Grande Prémio. Há quem tenha opiniões distintas: Lewis Hamilton, piloto da Mercedes e atual campeão mundial, confessou estar “surpreendido” por estarem na Austrália e resumiu que “o dinheiro é rei”.
De resto, a Fórmula já anunciou que o Grande Prémio da China (agendado para 17-19 de abril) foi adiado e que o Grande Prémio do Bahrain (20-22 de março) se realizará à porta fechada.
Moto GP
Estava previsto que o mundial arrancasse este fim de semana, no Qatar, o que irá suceder, mas sem a categoria rainha do Moto GP. Devido ao período de quarentena imposto a todos os voos vindos de Itália, a principal corrida do Moto GP foi cancelada, pois várias equipas têm pilotos e membros nesse país.
As provas de Moto1 e Moto2 irão para a pista, pois o paddock já estava em período de testes no Circuito Internacional de Losail, em Doha. O Grande Prémio da Tailândia, suposta segunda corrida do calendário, foi adiada para outubro e as datas de outras corridas também foram afetadas.
Râguebi
Foram adiados os três jogos previstos para este fim de semana, relativos à última jornada do torneio das Seis Nações, no qual participam a Inglaterra, a Irlanda, o País de Gales, a Escócia, a França e a Itália. Os italianos iam defrontar os ingleses, em Roma, e os gauleses receberiam os irlandeses, em Paris, ambos no sábado. As partidas foram adiadas até 31 de outubro, sendo que o Gales-Escócia decorrerá normalmente.
Também o Rugby Europe Championship, a segunda divisão europeia do torneio, em que compete Portugal, decidiu adiar os encontros deste fim de semana.
Ténis
Mês e meio durará a suspensão do circuito ATP, período decretado que durará até, e inclusive, à semana de 20 de abril. Significa que afetará todos os torneios do ATP Tour e da categoria Challenger, decisão que "não foi tomada de ânimo leve", garantiu Andrea Gaudenzi, presidente da entidade: "Acreditamos que é a ação responsável necessária para proteger a saúde dos nossos jogadores, staff e comunidade do ténis. Esperamos que o circuito seja retomado quando a situação melhorar".
Se a suspensão durar, apenas, as seis semanas iniciais, o Estoril Open poder-se-á realizar. O torneio português está agendado para começar a 25 de abril, terminando a 3 de maio.
Estranho é que ao anúncio da entidade que manda no circuito masculino não se tenha seguido uma decisão semelhante da WTA, organização que toma conta do circuito feminino e que remeteu "para a próxima semana" uma decisão sobre a temporada europeia de terra batida.
Surf
O mar não é imune à pandemia porque a água salgada é ponto de encontro para muita gente que vive de ondas e pranchas, portanto, a Federação Portuguesa de Surf viu-se "na obrigação" de também suspender "todas as provas e eventos do seu quadro competitivo, por prazo indefinido", implicando várias modalidades dependentes do oceano.
Os circuitos nacionais de surf, bodyboard, longboard, skimboard, stand up paddle, bodysurf, kneeboard e tow in e tow out. Tudo o que são provas oficiais ficarão em terra até indicações em contrário, condição que se poderá alastrar, também, a quem pratica isto por fazer: a Câmara de Cascais admitiu ao "Público" a hipótese de interditar as praias do conselho.
Quanto ao surf restrito aos ditos melhores surfistas do mundo, a Tribuna Expresso ainda não obteve respostas da World Surf League, quanto às medidas a adotar no arranque do circuito mundial, cujos três quatro iniciais se realizarão na Austrália, onde a Organização Mundial de Saúde já registou 122 casos de covid-19. O primeiro, em Gold Coast, tem arranque previsto para 26 de março e Frederico Morais, único português no circuito, por lá se encontra.
Andebol e Voleibol
As federações nacionais de ambas as modalidades suspenderam todas as competições seniores, masculinas e femininas, por tempo indefinido.
E a organização que rege a quem faz vida com os salões e a bola que fizeram um recente brilharete num certo Campeonato Europeu deixou uma nota: "Tal medida foi adotada em articulação e contacto com a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto atentas as repercussões de tal suspensão, entre outras e também na vertente das Seleções Nacionais, nomeadamente na qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e Mundial 2021 da modalidade".