Crónica de Jogo

O sonho foi pouco cor-de-rosa e o Sporting empata com o SC Braga

O sonho foi pouco cor-de-rosa e o Sporting empata com o SC Braga
RODRIGO ANTUNES

Num pobre jogo de futebol, pejado de erros técnicos e momentos inconsequentes, Sporting e SC Braga empataram (1-1). Os minhotos marcaram nos descontos, aos 90'+7, de penálti. O Sporting meteu-se a jeito para que tal acontecesse

As cores vivas nos equipamentos de Sporting e SC Braga esbateram-se quando a bola começou a rolar. Difícil ter sonhos cor-de-rosa ou emoções lilás quando o futebol jogado assemelhou-se mais a um desafio de quem erra mais. E quando assim é um empate aceita-se, como que um castigo para as duas equipas.

Com maior prejuízo para o Sporting, campeão nacional, a jogar em casa, mais uma vez a quebrar num dos jogos importantes da época, num dos piores 90 minutos de futebol que esta I Liga já terá visto e em que, incompreensivelmente, o melhor das equipas até se viu depois do SC Braga deixar tudo igualado, já nos descontos. Já o leão não foi a tempo, por culpa própria. De possível liderança, a equipa de Rui Borges fica agora à mercê dos acontecimentos do Clássico.

A 1.ª parte foi desde logo pouco promissora. Do Sporting viu-se pouco para lá do golo e de um primeiro assomo de perigo made in Geovany Quenda, de longe, que não foi o prólogo de um leão dominador, antes pelo contrário.

Gualter Fatia

Após 20 minutos descaracterizados de ambas as equipas, carregados de erros técnicos de parte a parte, o golo de Luis Suárez, aos 19’, foi uma espécie de pintura perfeita do que se via em campo. A primeira vez que Pote apareceu em jogo foi também a primeira que os minhotos, com muitas referências individuais, se desorganizaram na defesa. O número 8 encarou Lagerbieke, ultrapassou-o suavemente, e o cruzamento encontrou uma carambola entre jogadores bracarenses que o colombiano aproveitou. O remate saiu enrolado e entrou. Um golo feio conta tanto quanto uma chilena perfeita e o jogo não estava para momentos esteticamente superiores.

Depois do golo, o Sporting baixou linhas, entregou a bola ao adversário, talvez demasiado confiante face ao que o SC Braga de Vicens não tem conseguido fazer com ela em ataque apoiado. Arriscado e pouco ambicioso. Do golo até aos derradeiros minutos da 1.ª parte não houve remates do Sporting. Só um contra-ataque nos descontos, com trivela de Pote, fez uma pequena comichão na defesa dos minhotos.

Gualter Fatia

Vicens lançou Navarro para a 2.ª parte, uma referência mais ofensiva, mais do que Pau Victor, espanhol perdido numa posição que não é a sua. Vitor Carvalho, num lance de bola parada, deu o primeiro sinal das intenções bracarenses, que só não se concretizaram aos 57’ porque Rui Silva fez o primeiro milagre da noite, afastando de forma pouco ortodoxa, mas tremendamente eficaz, uma bola de Lelo que ia para a baliza. O guarda-redes leonino, com a sua quota de culpa na derrota da equipa em Nápoles, redimiu-se novamente num remate de meia-distância de Zalazar, já Rui Borges tinha feito as primeiras alterações, tirando Trincão (desaparecido em combate) e Morita (um dos campeões dos passes errados). Coletivamente em dia não, o Sporting também não contou com o rasgo indivudual dos seus elementos mais talentosos.

A entrada forte do SC Braga foi atabalhoadamente, é certo, mas contida pelo Sporting - importante a entrada de Kochorashvili para aumentar os níveis de pressão. Alisson, de longe, e Ioannidis, respondendo de joelho a um cruzamento de Maxi, estiveram perto de engordar uma vantagem tímida, quase envergonhada, mas manteve-se a toada errática do leão, acumulando doses pouco aconselháveis de passes para lado nenhum, bolas perdidas, lances inconsequentes.

RODRIGO ANTUNES

E, quando assim é, uma equipa põe-se a jeito. Já nos descontos, um SC Braga aparentemente vazio viu uma oportunidade num livre lateral. Hjulmand agarrou Lagerbieke, num daqueles lances que passavam impunes numa era pré-VAR, mas que dificilmente passam agora. Zalazar, dos onze metros, fez o empate. Nos minutos que se seguiram, mais golos podiam ter acontecido. O Sporting teve duas das melhores oportunidades, o SC Braga também assustou Rui Silva. Mas talvez o jogo não merecesse mais.

Num dos piores jogos do Sporting esta temporada, os leões foram castigados. Disse Rui Borges que se perdesse contra os grandes e ganhasse os restantes jogos seria campeão nacional. As contas, diga-se, não funcionam bem assim. E, para lá chegar, não será seguramente a jogar assim.

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