Um hat-trick do espanhol em 11 minutos abanou o FC Porto, que bateu o Celoricense por 4-0 depois de uma 1.ª parte desinspirada. Mais uma vez letal nos cantos, a equipa de Farioli acordou quando o italiano foi ao banco, partindo para um triunfo fácil face à formação do quarto escalão
Jornalista
Celorico de Basto não é só o local onde Marcelo Rebelo de Sousa vai votar. Também é casa de uma equipa valorosa que, na 1.ª parte frente ao FC Porto, até arriscou uma pressão alta que foi incomodando o líder da I Liga, a jogar umas rotações abaixo do normal na estreia na Taça de Portugal, para mais com boa parte dos titulares em campo.
A história deste duelo não será assim tão diferente de outros na Taça de Portugal. Sonha-se em ser tomba-gigantes, com as semanas de glória que trazem deitar abaixo um dos favoritos. Mas o desequilíbrio de forças, e as forças que se esgotam, tendem a não permitir muitas histórias de Cinderela. O FC Porto evitou-as quando Francesco Farioli lançou Samu aos 60 minutos.
Até aí o FC Porto geria sem dificuldades a vantagem trazida desde os 9 minutos de jogo face à equipa do Campeonato de Portugal, a jogar em casa emprestada em Barcelos. Fazendo jus ao seu trabalho de cirurgião a cada bola parada, os dragões marcaram de canto, por Bednarek, com Gabri Veiga cada vez mais à vontade de bisturi no pé, lá desde a bandeirola. A cabeçada do polaco seria o único remate enquadrado do FC Porto na 1.ª parte.
Para evitar desfalecer de tédio, o jogo pedia mudanças na 2.ª parte. Farioli, pouco satisfeito com o marasmo, ofereceu-as. Samu, William Gomes e Rodrigo Mora entraram para a última meia-hora e o jogo mudou imediatamente, já depois de Moura quase marcar aos 50’, bem lançado na profundidade, com Gonçalo Luís, guarda-redes com passado ligado aos dragões a afastar o perigo. No canto, sempre no canto, Alan Varela rematou à barra.
Samu surgiu como um furacão, lançado para evitar qualquer surpresa aborrecida. E o próprio aborrecimento enquanto conceito no seu mais puro significado. Em 11 minutos resolveu o jogo com três golos. No primeiro, lançado por Prpic no corredor central, recebeu, rodou em cima de Didi e rematou rente à relva, para o cantinho da baliza do Celoricense. Boas notícias para o espanhol, habitualmente com dificuldades a jogar de costas. E para o central croata, cada vez mais a exibir-se como uma bela alternativa a construir desde trás.
Já com o anfitrião fisica e animicamente mandado a baixo, diminuído nas suas esperanças, Samu voltou a marcar aos 71’, após um canto - sempre um canto - de Mora, que Bednarek ganhou nas alturas, permitindo a entrada do espanhol para encostar. Dois minutos depois, nova jogada simples, de novo com origem num passe rasgante de um central: Bednarek encontrou William Gomes sem marcação à direita, com o brasileiro a cruzar rasteiro para o avançado assinar o hat-trick. A bola será para Samu levar para casa.
Segue assim o FC Porto para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal, sem soluços ou surpresas, mas com o alerta de uma 1.ª parte cinzenta e com alguns jogadores que teriam apreciado uma pausa mais prolongada depois dos jogos internacionais (Froholdt à cabeça). Rio Ave ou Sintrense serão o próximo adversário na prova.
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