O FC Porto saiu de Utrecht com um erro para ver em loop
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Os dragões participaram em muitas cerimónias organizadas em frente à baliza. Tivessem essas chances sido aproveitadas e o jogo frente ao Utrecht (1-1) podia ter terminado de outra forma. Em superioridade numérica na reta final da visita aos Países Baixos, para a Liga Europa, os azuis e brancos não conseguiram anular as consequências de uma falha defensiva clamorosa
Na história não existirão imensos exemplos de equipas que tenham sofrido um golo marcado por alguém que, na sequência de um livre, recebe um passe rasteiro nas costas da barreira. A calinada surgiu do adormecimento de uma linha defensiva que deixou Miguel Rodríguez dominar, ajeitar e finalizar.
Os acontecimentos recentes fizeram com que o público em geral tenha ficado a saber que no Estádio do Dragão não faltam televisões viciadas em erros. Os ecrãs revelam-se agora úteis para que o FC Porto possa com eles analisar friamente a origem do surgimento daquele buraco, quiçá, revendo em loop um erro (próprio) cometido frente ao Utrecht.
A equipa de Ron Jans tem tido um desempenho modesto na Liga Europa. Com o empate conquistado frente aos portistas (1-1), somou o primeiro ponto na competição. Mesmo assim, nada demoveu a vontade irredutível de superar um FC Porto aquém em momentos cruciais.
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Veja-se como Eustáquio pagou o atraso de Nick Viergever na pressão. Foi um momento que o Utrecht valorizou, colocando um par de botas nos calcanhares de cada camisola azul e branca. David Min e Dani de Wit davam os sinais certos para que os restantes jogadores se juntassem à caça.
Os neerlandeses mordiam mesmo a zona do corpo onde Tétis agarrou Aquiles quando o mergulhou no Estige. Dominik Prpić perdeu a chuteira e, sentindo-se irritado com o seu pé descascado, barafustou inutilmente. É também para resolver estes assuntos que Jan Bednarek esteve no onze inicial em todas as partidas do FC Porto esta temporada. O polaco, que foi um dos três jogadores a repetirem a titularidade face ao jogo contra o SC Braga, aproximou-se do croata e explicou-lhe que o amarelo foi despropositado.
Se Deniz Gül custou €4,5 milhões ao FC Porto, ao dia de hoje, o avançado deve estar a valer €9 milhões ou não exiba o dobro do cabedal que tinha quando chegou a Portugal. A sua presença robusta serviu de apoio à progressão atacante. Umas vezes, reteve a posse. Noutras, jogou ao primeiro toque.
A solidez do internacional turco foi útil para fazer de parede e encontrar os médios interiores enquadrados. Enquanto a defesa o perseguia, outras ameaças vinham à tona. A desmarcação de Gabri Veiga nas costas da última linha do Utrecht só não resultou em pleno, porque o espanhol tremeu na finalização.
Não foi o único a demonstrar um comportamento periclitante. Borja Sainz chegou a ter o guarda-redes deitado no chão e mesmo assim faltaram-lhe recursos para finalizar. Do mesmo modo, Eustáquio tanto quis aguardar pelo momento certo que, quando procurou o golpe final, El Karouani amorteceu uma bola que acabou nas mãos de Vasilios Barkas.
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O FC Porto estava a ser mestre de cerimónias. Nos momentos mais frenéticos, o Utrecht atentava sobre eventuais lapsos. Os azuis e brancos inclinaram-se todos para um lado e, do outro, El Karouani surgiu a tentar o remate cruzado.
O início da segunda parte deu aos sextos classificados da Eredivisie o que já lhes tinha sido prometido. O pé esquerdo de El Karouani é luxuoso o suficiente para lhe ser prestada toda a atenção do mundo quando vai discursar. O FC Porto abusou da consideração e, descuidando os movimentos dos restantes adversários, perdeu de vista Miguel Rodríguez, autor do golo dos neerlandeses.
A equipa orientada por Ron Jans fez o FC Porto sofrer na contenção das bolas paradas, problema que já tinha sentido frente ao SC Braga. Em mais um embrulho entregue por El Karouani na área, Horemans falhou o desvio.
Gabri Veiga, numa lógica de médio desassossegado, esteve em todos os momentos de relevo dos líderes da I Liga. O serviço bem medido para Deniz Gül não resultou em golo pela comiseração geral em curso. Valeu a atenção de Borja Sainz a aproveitar a recarga para empatar. A frustração de Vasilios Barkas, que fez uma defesa vistosa num momento inicial, levou-o a encostar a sua testa na de Gabri Veiga, motivo que o árbitro considerou ser merecedor de expulsão.
Farioli ia lançando as figuras principais do plantel para não ter um regresso aos Países Baixos com o mesmo sabor que o levou à saída. Victor Froholdt refrescou o meio-campo, Alberto Costa tentou dar a profundidade que Martim Fernandes não ofereceu e Samu preencheu a área. No final, a superioridade numérica de pouco valeu a um FC Porto ao qual também faltou sempre algo.