A eficácia de Victor Froholdt também já ganha jogos para o FC Porto
Diogo Cardoso
Não basta o dinamarquês ser o xerife do meio-campo, com os seus duelos e bolas recuperadas, os seus remates também já desbloqueiam jogos complicados para o FC Porto, como se tornou a viagem a Famalicão. Um golo na 1.ª parte, onde a equipa de Francesco Farioli esteve bem melhor do que no segundo tempo, bastou para os dragões voltarem à liderança da I Liga
Os campeonatos também são feitos de vitórias em serviços se não mínimos, pelo menos não em rotação total. Em Famalicão, terreno complicado, o pulmão do FC Porto durou poucos minutos na 1.ª parte e um golo já numa fase descendente valeu o que é, agora, sempre o objetivo da equipa: não deixar escapar o Sporting.
Sem deslumbrar, longe disso, o FC Porto contou com a sua garantia a meio-campo: Victor Froholdt. E se é certo que o dinamarquês já pareceu ter o motor mais fresco em outros momentos da época, há formas e formas de ser decisivo. A eficácia do médio não se viu só no duelos ganhos, nas recuperações de bola: também se viu no único remate certeiro do FC Porto ao longo dos 90’. O miúdo não só ganha o meio-campo, também já ganha jogos.
A 1.ª parte foi feita, ainda assim, de muito desperdício do FC Porto. Samu, nesse particular, foi o principal esbanjador de oportunidades. Aos 4’, depois de combinar com William (a surgir ao centro), apareceu isolado na esquerda, com Carevic a dar, literalmente, a cara ao lance, no primeiro tomo de um lance muito particular. Ainda dentro dos primeiros 20 minutos, o espanhol fez agora de pivô, a descer para servir de apoio a Moura, que rematou cruzado a raspar a baliza do Famalicão que, em casa, vivia com dificuldades nos primeiros momentos do jogo, sem conseguir suster a pressão intensa do FC Porto.
Samu tentaria de longe (aos 25’), depois de cabeça, à passagem da meia-hora, para nova nega de Carevic. Ainda assim, o espanhol, ao contrário de alguns momentos da época, alimentava o ímpeto atacante do FC Porto.
Diogo Cardoso
Coincidiu a saída de Bednarek por lesão, e entrada de Pablo Rosario, aos 20’, com os primeiros vislumbres ofensivos do Famalicão. Começariam de forma tímida, com uma arrancada de Sorriso, a quem não sorriu o cruzamento, mas tornaram-se mais incisivos com o remate ao poste de Zabiri, aos 29’. O fresquinho campeão mundial sub-20 brilhou entre os marcadores diretos para desferir um tiro em arco que quase redundava numa daquelas bizarrias que por vezes se veem no futebol: a bola bateu no ferro, fez pinball na cabeça de Diogo Costa e só não entrou por mero capricho das leis da geometria.
Foi já assim num momento de menor fulgor que o FC Porto chegaria à vantagem. E continuando no tema da geometria, numa jogada bem desenhada pelo ataque do dragão, com Francisco Mora a desequilibrar meia equipa do Famalicão ao optar pelo passe menos óbvio para Moura - assim são os avançados mentais -, que terminou num cruzamento ao qual Victor Froholdt respondeu com um remate meio embrulhado que de tão embrulhado não permitiu qualquer reação a Carevic.
Não conseguindo manter o ritmo do início do jogo, o FC Porto iria para o intervalo em vantagem, mas com dúvidas. Pablo Rosario a central é um risco e Alan Varela teve de ser, umas quantas vezes, o bombeiro, tal como Kiwior, eficaz como quase sempre. E o arranque da 2.ª parte trouxe uma equipa da casa mais agressiva, ainda que sem conseguir ferir Diogo Costa. Yassir Zabiri foi omnipresente, como quem recusa entrar na lista dos craques dos torneios jovens que não resultam.
Com meia-hora para jogar, vendo o caso mal parado, Farioli fez as alterações habituais: Mora, mais ativo na 1.ª parte, deu lugar a Gabri Veiga, e William Gomes, mais discreto desde que se tornou titular, saiu para entrar Borja Sainz, que se tem tornado uma espécie de jóquer desde que se tornou suplente.
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As alterações marcaram novo virar da ampulheta no jogo, com o FC Porto a parecer, de novo, muita areia para a camioneta do Famalicão. Samu vs. Carevic voltou a ser um combate digno dos melhores ringues. O montenegrino voltou a travar um remate do avançado ao 72’, minutos depois do espanhol ter uma das perdidas da noite: num livre estudado, Gabri Veiga lançou-o no corredor central, Samu picou sobre o guarda-redes mas Bondo cortou na linha. O número 9 do FC Porto sairia sem conseguir vencer o duelo ao rijo balcânico, dando lugar a Deniz Gül, aos 81’.
Os dois sustos fariam o Famalicão descer linhas, arriscar menos, jogar mais pela certa. Joujou, num ataque rápido, surgiu no ataque só com a companhia de Alberto Costa, que ajudou a precaver males maiores. Do outro lado, Carevic travava-se agora com o defesa do FC Porto, que tentou um remate cruzado, que o guarda-redes salvou com uma palmada providencial.
Mesmo com a entrada de Gül, este lance, aos 78’, marcaria o fim da audácia portista no ataque. A equipa de Farioli limitou-se depois a gerir sem bola, baixando linhas. Um Famalicão mais fresco talvez pudesse ter aproveitado algo mais neste período.