Um presidente, um rei e um herdeiro de Zeegelaar: Portugal goleia o México e está nos quartos de final do Mundial sub-17
Mohamed Farag - FIFA
Vitória robusta por 5-0 da seleção nacional sobre um México que terminou o jogo com apenas nove jogadores. Suíça ou Irlanda são os próximos adversários da equipa de Bino Maçães, que teve no banco muitas soluções para melhorar o jogo da equipa
Carlos Cariño é o treinador do México, mas cariño não foi o que a seleção nacional sub-17 teve pelo seu adversário nos oitavos de final do Mundial. Com uma exibição quase sempre controlada, ainda que o fulgor ofensivo só tenha surgido nos últimos minutos, Portugal goleou o México por 5-0 e espera agora pelo jogo entre Suíça e Irlanda para conhecer o adversário dos quartos de final.
A entrada prudente da equipa de Bino Maçães transformou-se, nos últimos 10 minutos do jogo, num vendaval de ataque, que deixou boas notícias para o selecionador nacional. Nomeadamente sobre a profundidade do grupo, num jogo em Bino soube jogar com o banco para melhorar Portugal numa fase mais nervosa, quando a meio da 2.ª parte e mesmo a jogar com menos um, o México deu um último sinal de vida.
Sem acelerar na entrada, Portugal demorou a entrar em jogo, mesmo perante uma pressão pouco dura do México, que nunca deixou de se assomar ao ataque com bola. Com o penálti aos 15’, marcado por Rafael Quintas, ou o Presidente, como lhe chamam os colegas, a vantagem tornou-se também anímica, tornando-se ainda mais forte quando Navarro, que já tinha cometido o penálti a favor de Portugal, foi expulso à passagem da meia-hora, por conduta violenta - uma decisão que decorreu, curiosamente, de um challenger pedido por Portugal, uma das experiências deste Mundial sub-17, a decorrer no Catar.
A jogar com 10, o México ainda assustou com um dos seus pontos fortes, o ataque a profundidade, com Gamboa a surgir isolado frente a Romário Cunha. O lance foi travado por fora de jogo e sê-lo-ia de qualquer forma, com o guarda-redes do SC Braga muito atento a defender uma bola que já gritava golo. Portugal, mesmo quase sempre em controlo, pecava no processo ofensivo e criava pouco perigo. Bernardo Lima, já perto do intervalo, teve a única verdadeira oportunidade para engordar a vantagem de Portugal na 1.ª parte.
Mohamed Farag - FIFA
O regresso dos balneários coincidiria praticamente com o segundo golo de Portugal, com a seleção nacional a dar de beber aos mexicanos o seu veneno: Zeega lançou Anísio Cabral que com uma finta de corpo deixou Santiago López fora da jogada. Foi o 6.º remate certeiro do português na prova, reforçando o estatuto de rei do golo deste Mundial.
Portugal passaria então por um momento de algum desligamento, que permitiu ao México abrir o peito e ganhar confiança. Nas bolas paradas e nos ataques rápidos, os mexicanos iam assustando como podiam, não estavam mortos, bem pelo contrário. A partir dos últimos 20 minutos, as substituições de Bino Maçães assumiram o resgate do controlo das operações.
Já dentro dos últimos 10 minutos, e com a resistência mexicana a quebrar, Mateus Mide, sempre opulento na sua técnica, aguentou a bola perante um sem número de adversário, foi a linha e encontrou a entrada de rompante de Zeega. O jogador do Vitória, Martim Guedes de seu nome e cuja alcunha vem de uma brincadeira com o nome do antigo jogador do Sporting Marvin Zeegelaar, esteve ainda no lance do 4-0, ao desmarcar Mide pela direita, com o jogador do FC Porto a oferecer o golo a Miguel Figueiredo, outro suplente. Yoan Pereira, que também entrou na 2.ª parte, fecharia a contagem em 5-0, aos 85’, após cruzamento de João Aragão, outro jogador lançado por Bino.
O jogo não terminaria sem mais uma expulsão para o México: já emocionalmente estilhaçado, o guarda-redes Santiago López ceifou João Aragão fora da área, deixando a sua equipa, nos últimos minutos, a jogar com 9.
Até aos 80 minutos, não terá sido a exibição mais rica de Portugal a nível ofensivo neste Mundial. A partir daí, apareceu o futebol de ataque em todo o seu esplendor, com todas as soluções que esta equipa tem ao dispor. Sexta-feira há mais.