Crónica de Jogo

Acabou o mistério do Sintrense, o tomba-gigantes que o FC Porto desmascarou

Acabou o mistério do Sintrense, o tomba-gigantes que o FC Porto desmascarou
Diogo Cardoso

Desta vez, o Sintrense foi incapaz de honrar o passado recente de superação perante adversários de escalão superior. O FC Porto domou a equipa da quarta divisão e seguiu para os oitavos de final da Taça de Portugal (3-0)

A história da Taça de Portugal está cheia de gigantes e também de quem os tomba. Em Sintra, nasceu um mistério – um diferente do que Eça de Queirós e Ramalho Ortigão publicaram no “Diário de Notícias” – que os investigadores não estavam a conseguir resolver. Por que razão, qualquer figura pantagruélica que lá pusesse os pés acabava por desaparecer da prova rainha?

Às autoridades chegaram dois casos: o do Vizela, equipa da II Liga, e o do Rio Ave, clube que participa na I Liga. Ambos os conjuntos foram encontrados eliminados no estádio do Sintrense. No mínimo, suspeito.

Enquanto isso, a equipa de David Maside andava a exibir-se plenamente na Taça de Portugal. Atingir a 4.ª eliminatória era mais do que as capacidades visíveis do clube do Campeonato de Portugal, o quarto escalão da hierarquia das competições, faziam parecer possível. Estaríamos perante um cenário de lavagem de habilidades futebolísticas?

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O sorteio resolveu testar verdadeiramente o Sintrense e tirá-lo do lugar onde se sente mais confortável. Pela primeira vez na competição, participou numa eliminatória longe da sua casa.

No norte, um dragão, estava à espera para fazer o interrogatório. É um encontro habitual nesta prova. Nos últimos quatro anos, os dois emblemas encontraram-se três vezes e houve sempre goleada portista. No entanto, desta vez, Francesco Farioli sabia da ameaça que o Sintrense representava devido às vítimas que fez nos campeonatos profissionais.

Os azuis e brancos foram agressivos na abordagem. Borja Sainz até marcou, mas esbarrou na evidência de estar fora de jogo. Eram precisas provas mais concretas para incriminar o Sintrense. E que tal dar a Romário Carvalho a hipótese de entregar toda a equipa com um passe errado e pôr Samu a aproveitar o erro? Não resultou e a obtenção de respostas raspou no poste.

Esta época, muitas vezes foram os pontapés de canto a darem ao FC Porto aquilo de que precisava. Pablo Rosario não aproveitou convenientemente a chance e a bola rechaçou de Francisco Gomes para Borja Sainz, O espanhol viria assim a inaugurar o marcador. Estava conseguida a primeira prova contra o carrasco de gigantes.

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Os três médios do Sintrense andavam a zarelhar à frente da defesa recheada com cinco elementos. José Varela e Valdu Té procuravam uma maneira de tirarem as algemas e partirem para o ataque.

Mas era preciso algo mais sólido. Não tendo Victor Froholdt, Farioli combinou Rodrigo Mora com Gabri Veiga na segunda parte. A junção de Pablo Rosario e Dominik Prpić no centro da defesa também foi incomum, mas até podia ajudar na construção de outros argumentos incriminatórios.

O Sintrense viria a pôr os pés pelas mãos. Rodrigo Santos defendeu o remate de Alan Varela para a frente e Deniz Gül não perdoou. O momento que deixou o fenómeno desta edição da Taça de Portugal sem escapatória foi a brilhante rotação de Rodrigo Mora, frente aos engodos contrários, que culminou num pomposo remate de pé esquerdo.

O mistério do tomba-gigantes estava agora mais do que desvendado. Caso encerrado.

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