Crónica de Jogo

A autoridade suprema dos médios do FC Porto compareceu no chá dançante que teve o Nice como convidado

A autoridade suprema dos médios do FC Porto compareceu no chá dançante que teve o Nice como convidado
Diogo Cardoso

Eventuais dúvidas só duraram 19 segundos, altura em que Gabri Veiga marcou o primeiro golo da tarde. Almofadado desde o princípio, o FC Porto evitou as ameaças que o Nice lhe queria entregar em zonas subidas do terreno. Saltando a pressão, os azuis e brancos tiveram Victor Froholdt a encaminhá-los para mais uma vitória (3-0) na Liga Europa. Ainda houve uma novidade: Samu voltou a marcar

As formigas entrariam em vias de extinção se uma delas sucumbisse sempre que se usa a expressão temos que estar concentrados do primeiro ao último minuto do jogo. Não só porque não é frase que mereça uma dedicatória no pensador.com, mas também porque é mentira. Por vezes, as vitórias conseguem-se antes do silvo do árbitro.

Repare-se, a maioria dos jogadores do FC Porto já estava em cima do meio-campo, como se aquela fosse a linha de partida. O apito ainda não tinha soado e os dragões iam ganhando posição. Simular que o pontapé de saída seria direcionado para Diogo Costa ludibriou o Nice. Assim que o juiz anunciou o início oficial do encontro, muito depois deles o terem começado a disputar, os azuis e brancos avançaram por ali fora. Parecia que alguém tinha gritado INVASÃO. Pepê insistiu pela direita. O cruzamento atrasado foi conduto para o golo de Gabri Veiga aos 19 segundos.

O Estádio do Dragão ainda estava menos cheio do que acabou por ficar. Nem toda a gente pode participar num chá dançante marcado para as 17h45 de uma quinta-feira.

ESTELA SILVA

Não há momento num jogo de futebol a salvo de ser usado como ingrediente para um sumo. O princípio da rentabilidade aplicado por Francesco Farioli fez o FC Porto espremer até o lance que tudo enceta. Usufruir de uma posição de conforto condicionou favoravelmente o desenrolar dos acontecimentos.

Talvez já estivesse nos planos de Franck Haise colocar o Nice a pressionar o FC Porto tão mais alto quanto os dragões recuassem para fugir à perturbação. Era o nono classificado da Ligue 1 em busca de deixar de ter um total de zero pontos na Liga Europa. No entanto, os franceses foram os mesmos que no início da época já tinham vindo a Portugal mostrar debilidades, na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, contra o Benfica.

Os jogadores de Farioli batiam a armadilha com naturalidade. Gabri Veiga pode-se ter destacado pelos golos, mas Victor Froholdt varreu tudo o que eram segundas bolas, circunstância que usou para fazer a equipa avançar no terreno. Eis o regresso daquilo que marcou o arranque fulgurante do técnico italiano: uma autoridade suprema dos médios interiores.

Em compensação, para fazer face à seca de Samu, o FC Porto tentou ingerir um suplemento vitamínico de golos com o espanhol a coexistir junto de Deniz Gül no onze inicial. Porém, o sustento veio do miolo. Victor Froholdt rodopiou e assistiu Gabri Veiga para o 2-0.

As complicações para os dragões eram poucas. Mesmo quando o Nice escapava, Terem Moffi mostrava-se insuficiente para, por si só, fazer a diferença. O avançado nigeriano ainda atirou por cima após uma iniciativa individual. Coletivamente, a melhor colaboração dos gauleses foi conduzida e finalizada por Sofiane Diop, ineficaz na hora de rematar à baliza. A defesa, da qual constou Pablo Rosario, continuou inquebrável.

Jose Manuel Alvarez Rey

Dante é uma figura bem conhecida. A primeira equipa portuguesa que defrontou foi a União Leiria, em 2004, para a Taça Intertoto. Não é por andar nisto há muito tempo que, aos 42 anos, não se deixa enganar. Samu apertou com o central, levando o brasileiro a cometer grande penalidade. Foi assim que o avançado espanhol acabou com um ciclo de cinco jogos (clube e seleção) sem marcar. O cenário para o Nice pode ser classificado com o adjetivo que deriva do nome do seu defesa.

A vitória do FC Porto (3-0) só esteve em dúvida durante 19 segundos. A partir daí, não houve enganos e o máximo que o Nice podia ter feito era reduzir. Kevin Carlos teve uma clamorosa oportunidade para o fazer. Nada confundidos, os dragões chegaram à terceira vitória na prova e, à condição, sobem aos lugares de apuramento direto para os oitavos de final. Tendo em conta o que se avizinha – Malmö, Plzen e Rangers – as perspetivas são boas.

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