Crónica de Jogo

O tiki-tasca do Sporting arrasou o Estrela da Amadora

O tiki-tasca do Sporting arrasou o Estrela da Amadora
Gualter Fatia

Antes do dérbi, os leões golearam (4-0). A equipa de Borges marcou três golos nos primeiros 25', impondo-se com um futebol cheio de variabilidade ofensiva. Suárez bisou, Fresneda e Quaresma marcaram

O tiki-tasca do Sporting arrasou o Estrela da Amadora

Pedro Barata

Jornalista

Jogo em casa contra um aflito, entalado entre um encontro da Liga dos Campeões e o dérbi. Alerta partida perigosa, agarrando-nos ao dicionário das ideias feitas da bola. Encontro que poderia esconder armadilhas.

O Sporting não quis saber de perigos. Entrada contundente, cheia de eficácia. 25 minutos, três golos, trabalho feito, concluído aos 4-0 a que se chegou no segundo tempo. Ainda o Estrela não saíra do autocarro, ainda os visitantes pareciam olhar para os cantos e recantos do relvado, e já pontuar em Alvalade parecia uma impossibilidade.

Na verdade, os leões entraram com contornos semelhantes ao visto em duelos semelhantes, particularmente em casa. Agressivos com e sem bola, dinâmicas em posse. Com a largura de Geny e Quenda, sim, mas fortíssimos em jogo interior, personificado nos diálogos entre Trincão e Suárez, uma dupla que olha para o jogo antes de mirar a baliza.

E bolas paradas. Foi assim que o triunfo se começou a construir, completando o arsenal de armas que o tiki-tasca, o estilo ofensivo do Sporting de Rui Borges, evidenciou. Eduardo Quaresma ainda não fora titular nesta edição da I Liga, mas confirmou o estatuto de bom soldado, de guerreiro pronto para todas as ocasiões. Trincão bateu o livre lateral e o defesa que outrora parecia pouco fiável e agora é uma garantia atirou para o 1-0.

Quaresma cabeceia para o 1-0
MIGUEL A. LOPES

Só estavam decorridos sete minutos e, quatro minutos depois, o bom arranque leonino foi confirmado. O lance do 2-0 resume a essência da parelha Suárez-Trincão, uma dupla que se associa, que se procura, que se alimenta e retro-alimenta. O português serviu o colombiano, que não falhou.

Não houve abrandar na aposta atacante dos bicampeões nacionais. Nem se perceberam quais seriam as intenções da equipa da Reboleira, que foi apagada do relvado pela qualidade do Sporting. João Nuno, somente na quinta partida na I Liga, ia olhando para o terreno de jogo como um leigo em jazz escuta um solo da mais recente promessa norte-americana do estilo, não compreendendo qualquer nota.

A bola parada do Sporting voltou a impor-se aos 25'. Fresneda ergueu-se na área, saltando entre a variabilidade que a equipa da casa mostrava na execução dos livres e a apatia dos forasteiros.

Morita assistiu Suárez com grande classe
Gualter Fatia

Do lado amadorense, Renan, guardião cuja mestria em penáltis ajudou o Sporting a ganhar uma Taça de Portugal e uma Taça da Liga, voltou a Alvalade incapaz de contrariar o caudal ofensivo adversário. Jovane Cabral pouco se viu no jogo, mas saiu aplaudido pelas bancadas.

O Sporting cedo assumiu o modo gestão, exemplificado pela saída de Maxi Araújo, amarelado, ao intervalo, entrando Matheus Reis. A poucos dias do dérbi, embates mais importantes entravam na mirada.

Apesar de um certo tirar o pé do acelerador, os leões chegaram ao 4-0. Morita já assumiu que vive um momento pessoal complexo, mostrando honestidade não muito comum para um futebolista. Mas o japonês permanece um craque, médio de rara leitura de jogo. Aos 55', fez uma assistência de futebol de rua para Suárez, uma troca de pés que juntou inteligência e técnica. O golo foi do colombiano, mas as felicitações dos colegas foram para o nipónico.

Rui Borges foi mexendo na equipa, com o regresso de Pote aos terrenos de jogo. Os bicampeões não pararam de atacar, terminando com 19 remates, mas a eficácia do arranque não teve correspondência a fechar. A goleada foi garantida à boleia da mestria dos primeiros 25'.

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