Crónica de Jogo

Uma oferta do Estoril iluminou o difícil caminho do FC Porto rumo à vitória

Uma oferta do Estoril iluminou o difícil caminho do FC Porto rumo à vitória
MANUEL FERNANDO ARAÚJO

Um erro dos canarinhos, logo aos 8', abriu caminho para William Gomes dar os três pontos (1-0) aos dragões. Em dia de estreia do novo sistema de luzes no estádio, a equipa de Farioli sofreu perante um adversário que, na primeira parte, desperdiçou várias oportunidades claras

Uma oferta do Estoril iluminou o difícil caminho do FC Porto rumo à vitória

Pedro Barata

Jornalista

Luzes, câmara, ação. O FC Porto abraçou o regresso do campeonato ao seu estádio com um novo sistema de iluminação, utilizado antes do desafio com todo o cerimonial que os clubes gostam de aplicar nestas circunstâncias.

Uma das possibilidades que a inovação, já presente noutros recintos, permite é a de dar renovado impacto visual ao festejo dos golos. Pois bem, tal viu-se logo aos 8'. Jordan Holsgrove, que sabe o que é ser herói neste relvado, esteve no lado oposto da narrativa, assistindo William Gomes para o 1-0 que seria definitivo.

Depressa fez o FC Porto a festa, rapidamente iluminou o estádio, abrindo e fechando as luzes em festejos. Mas o golo precoce foi mentiroso, enganador. Não foi noite de festa e facilidades, de passeio, mas de sofrimento. De incómodo, até de gratidão, dizendo obrigado ao Estoril pelo erro a abrir e pelas oportunidades desperdiçadas.

O atrevimento e qualidade dos forasteiros foram nota dominante ao longo da luminosa noite portuense. Ainda antes do 1-0, um mau livre do FC Porto deu um contra-ataque aos visitantes. Por instante, houve um vislumbre do anselmismo no Dragão, uma recordação a livres laterais que davam golos, cadeia de erros que, desta vez, teve Diogo Costa a fazer uma má saída. O flashback virou tempo presente quando Yanis Begraoui, com tudo para marcar, atirou ao lado. Talvez estivesse ali, e não no golo de William Gomes, o prenúncio do serão: não haveria facilidades para os azuis e brancos, mas sim desacerto de quem atuou fora de casa.

MANUEL FERNANDO ARAÚJO

O FC Porto, depois do 1-0, teve dificuldades para se aproximar com perigo de Robles. Aos 21', Borja Sainz, que joga sempre com a corda toda, apareceu em boa posição, mas atirou à figura.

Foi o Estoril quem esteve mais perto de marcar até ao descanso. Ian Cathro pede aos seus homens que sejam corajosos — na verdade, o escocês faz este pedido recorrendo a linguagem que não fica muito bem ao ser literalmente transcrita nestas linhas — e os canarinhos corresponderam. Foi noite para Guitane mostrar a sua versão feiticeiro, um daqueles jogos em que o canhoto parece ter lugar em qualquer plantel, ideia que, depois, a falta de regularidade do criativo contraria.

Aos 30', após excelente trabalho do argelino, João Carvalho atirou ao lado. Antes disso, Ricardo Sánchez não aproveitou em boa posição e, em cima do intervalo, foi Begraoui a não ter pontaria. O intervalo chegou com o Estoril a lamentar-se pelas chances perdidas.

O recomeço trouxe um FC Porto com maior capacidade de criar perigo. O conjunto de Cathro deu alguma ideia de cansaço, talvez não físico, mas mental, como se consciente do que desperdiçara previamente.

Os líderes do campeonato, que seguem com mais três pontos que o Sporting e seis que o Benfica, estiveram perto de aumentar a vantagem através de Froholdt e Samu.

Rodrigo Mora foi um dos primeiros substituídos por Farioli. O talentoso médio ainda não fez mais do que 60 minutos em qualquer embate da presente edição do campeonato. Até final, o jogo do FC Porto foi um conjunto de precipitações, de más saídas para o ataque, agarrando-se à defesa da área e ao segurar da vantagem.

As bancadas nem sempre aceitaram bem o sofrimento da sua equipa, mas acabaram a festejar intensamente a vitória. São já vários os pontos que os homens de Farioli obtiveram em contextos de dificuldade, o que talvez indique aquela resiliência dos campeões. Em cima do final, um corte de Bednarek a evitar que um remate de Ferro chegasse à baliza concluiu as intenções do Estoril, equipa que sai do recém-iluminado estádio do Dragão a queixar-se da oportunidade que escapou entre as mãos.

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