Nos últimos anos, o Sporting de Braga tem sido um clube irritantemente equidistante da glória e da catástrofe. É um autêntico clube-carrossel, um clube que anda às voltas, que tem os seus altos e baixos, que às vezes contempla uma paisagem maravilhosa, com árvores e lagos e montanhas, e outras vezes só vê lixeiras, prédios arruinados e cenários apocalípticos, para acabar quase sempre no mesmo lugar, o quarto.
Os dramas, os momentos de turbulência, as trocas de treinador e os ataques de fúria do presidente repetem-se com uma previsibilidade reconfortante, como se fossem episódios de uma série cujo guião é conhecido de todos. É um drama sem dramatismo, uma tragédia placidamente trágica, uma comédia que não faz ninguém rebolar de riso porque as piadas, apesar de bem executadas, são as mesmas do ano anterior.
O Braga lembra-me um funcionário há décadas na mesma empresa que tem a arte de resistir a todas as remodelações e despedimentos coletivos, mas que nunca é promovido. De vez em quando mudam-no de lugar e tem a sorte de ir para perto da janela ou o azar de ficar debaixo do ar condicionado. Entusiasma-se quando ganha o ocasional prémio de desempenho para logo a seguir se afundar num pântano de inércia e desmotivação.
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