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Crónica

O fantasma de Sir Alex Ferguson

Solskjaer foi sempre mais um adereço de um ritual esotérico do que um treinador. Ele seria o homem capaz de devolver o “espírito de vitória” ao Manchester United. Porquê? Ora, porque estava lá quando o clube ganhava, escreve Bruno Vieira Amaral. Qualquer recitação, liturgia ou segredo da mística seria do conhecimento dele. Ele só teria de fazer descer o espírito sobre o balneário e mandar os jogadores para o campo, imbuídos dessa presença inexplicável. O resto aconteceria por deliberação cósmica

O incrível em toda a história da passagem de Ole Gunnar Solskjaer pelo banco do Manchester United não é tanto o buraco a que acabou por conduzir uma equipa recheada de talentos (apesar de alguns desequilíbrios, uma equipa com Rashford, Greenwood, Sancho, Bruno Fernandes, Pogba, Cavani e Ronaldo não se pode queixar de falta de talento), mas o tempo de que o treinador norueguês beneficiou para completar essa sua infame tarefa.

Visto que, antes da chegada a Old Trafford, não tinha currículo que o habilitasse a dirigir um veículo destas dimensões, a única explicação para que o seu reinado tenha durado três anos sem que o United tenha, durante esse período, festejado um mísero título, nem que fosse uma tacinha da liga para espevitar os adeptos e enganar o estômago vazio de glórias, é do seu estatuto de ex-jogador, um estatuto cimentado naquela célebre final de Camp Nou contra o Bayern de Munique com o golo nos descontos que deu a Liga dos Campeões ao clube inglês.

Mais do que uma ideia de jogo, uma filosofia, uma capacidade de arrumar o talento e transformar um conjunto de estrelas numa equipa a sério, esperava-se que Solskjaer, pela sua simples presença talismânica, inspirasse os jogadores para aquelas reviravoltas épicas que se tornaram uma das imagens de marca do United sob o comando de Alex Ferguson, ao ponto de esses minutos finais habitualmente loucos e frenéticos merecerem o nome de “Fergie time”.

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