Horas após o dérbi, Bruno Vieira Amaral fala de uma vitória do Benfica sofrida e talvez injusta, que adquiriu contornos de beleza inesperada e que apareceu no final vestida de Sobrenatural Homem das Neves, quando os encarnados já atacavam com o guarda-redes
Roger Schmidt tem razão: não há maneira mais bonita de ganhar a um rival. Começar bem o jogo, perder o controlo, sofrer um golo, beneficiar da expulsão de um jogador adversário, não criar perigo até aos descontos e, aí, encomendar a alma ao Sobrenatural de Almeida, o tal que Nélson Rodrigues dizia que explicava o inexplicável, o absurdo, o ilógico, que por fim apareceu vestido de Sobrenatural das Neves – o Sobrenatural Homem das Neves – quando o Benfica já atacava com o guarda-redes.
Naquelas circunstâncias, um empate já era bom, mas não seria bonito – o único empate bonito de que me lembro aconteceu há três décadas numa noite amena de inverno em Leverkusen. E quando achávamos que o Sobrenatural já tinha regressado à casota, satisfeito com os resultados da sua intervenção paranormal, ele demonstrou que o jogo só acaba quando quer e da maneira que quer, nem que para isso tenha de guiar o pé chato de um dinamarquês até agora praticamente inútil e mostrar-lhe o caminho simples para o golo e a felicidade.
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