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Crónica

Eu vi Beckenbauer

Bruno Vieira Amaral faz a sua eulogia ao alemão que foi um dos melhores jogadores de sempre, em primeiro lugar, louvando o quão ele era belo, porque a beleza faz diferença: alto, magro, elegante como um príncipe (ah, o cliché! Mas era mesmo), dava indicações aos colegas com a ponta dos dedos, num gesto digno de estátua no meio de uma praça. E os passes, sim, os passes à Beckenbauer

Quando olham para trás e pensam nos grandes jogadores do passado, as novas gerações lamentam nunca os terem visto jogar. O prestígio, o talento e a magia chegaram-lhes por via indireta, através de narrações empolgadas do pai ou do avô que talvez não tenham visto desses jogadores tanto quanto nós vemos dos grandes craques atuais, mas cujas memórias de um jogo a que assistiram ou da recordação de um dos primeiros jogos vistos na televisão são suficientes como garantia de génio.

Lembro-me de um familiar idolatrar Yazalde não pelos quarenta e seis golos que o argentino marcou numa época, mas por um só desses golos que ele, o meu familiar, teve o privilégio de ver ao vivo no antigo Estádio de Alvalade. Para ele, nunca houve um avançado como o Chirola no futebol português por causa daquele golo que ainda lhe ardia na memória, como se tivesse sido marcado há segundos. Essa corrente de admiração passa de pais para filhos, de tios para sobrinhos, de uma geração para a outra, ininterrupta mas cada vez mais ténue, como a própria memória.

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