Não há muito tempo, um jogador que num grande entrasse nos últimos seis meses de contrato, sem aparente vontade de o renovar, não tinha mais lugar na equipa. Nesta nova ‘era’ de o desportivo se sobrepor aos interesses financeiros, Tomás da Cunha analisa a influência que Rafa tem no Benfica e Taremi exerce no FC Porto
Analista e comentador de futebol
Noutros tempos, os últimos meses de contrato de um jogador levavam recorrentemente à exclusão das opções do treinador. “Ser encostado”, na gíria popular. Não raras vezes, a renovação lá se fazia, mesmo que fosse para vender e encaixar qualquer coisa nos cofres. Mas o futebol mudou e os jogadores, com o suporte dos empresários, ganharam poder na mesa das negociações. Os prémios de assinatura são chorudos e, em caso de transferência, permitem contornar o fair-play financeiro. Neste cenário, tem havido uma adaptação de prioridades por parte dos clubes. Uma eventual saída aquém do valor futebolístico real surge como alternativa, mas vai sendo cada vez mais comum a aposta no rendimento até ao fim.
Em Portugal, já temos diversos exemplos representativos dessa tendência. Estando longe de ser o modelo de negócio ideal, sobretudo quando se torna um hábito, o Porto permitiu que Sérgio Conceição aproveitasse nomes como Herrera, Uribe, Brahimi ou Marega em situação contratual delicada, aproximando a equipa do sucesso. Fragiliza o clube no mercado e, a longo prazo, compromete a sustentabilidade financeira. No Benfica, o caso de Grimaldo está fresco na memória. Chegou a ver os adeptos de costas voltadas, mas saiu como figura maior do título encarnado. A temporada 23/24 fica marcada pela despedida de Taremi e Rafa, com impacto muito distinto nos respetivos clubes.
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