Dois meses antes do Mundial do Catar, Cristiano Ronaldo atravessava uma das piores fases da carreira. Nada lhe saía bem. Estava em conflito com o treinador do Manchester United, a passar um mau momento a nível pessoal e aproximava-se a última oportunidade de brilhar e possivelmente conquistar o Campeonato do Mundo. Escrevi na altura que o grande desafio de Fernando Santos era o PRR: Plano de Recuperação de Ronaldo. Por duas razões. Porque um Ronaldo em grande forma era uma boa notícia para a seleção e porque não se via uma maneira pacífica de deixar o jogador no banco.
Já todos sabemos como correu o tal plano. Em primeiro lugar, não havia um plano. Ronaldo apareceu como se estivéssemos em 2012 ou 2016. Dono e senhor da seleção, a pôr os seus interesses pessoais acima dos interesses coletivos, a dar entrevistas sobre o seu futuro quando o foco devia ser a equipa nacional. Depois, Fernando Santos não soube ver, ou não quis ver, o óbvio: a instabilidade emocional de Ronaldo prejudicava a equipa e, por isso, o capitão tinha de ir para o banco. Como não agiu, o selecionador teve de reagir. E quando reagiu, o castelo desmoronou-se.
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