Bruno Vieira Amaral pede a todos os adeptos do Benfica que sejam realistas: perante a pressão do mercado, o único símbolo que o Benfica pode manter no clube é a águia Vitória e a ideia de um miúdo que ama o Benfica, joga com a camisola dentro dos calções e representa, a par de Bernardo Silva, a mística do clube, ficar muitos anos na Luz, com a braçadeira de capitão ao braço, não é apenas romântica, é uma alucinação febril
Quem não tem dinheiro, não tem vícios. Acontece que os vícios não escolhem carteiras. E quando se está viciado numa antiga grandeza e os bolsos já não acompanham a cabeça, mais depressa se esvaziam os bolsos do que se limpa a cabeça. Eu também queria que jogadores como o João Neves nunca saíssem do Benfica. Mas manter jogadores da formação durante muitos anos e transformá-los em símbolos é um luxo mais caro do que várias toneladas de caviar. E caviar é acepipe que os benfiquistas e os adeptos dos clubes portugueses em geral só podem cheirar uma época ou duas antes de serem condenados a comer caviar pela televisão.
Durante anos, os benfiquistas sofriam em segredo a incapacidade do clube para formar futebolistas de primeira linha. Não chegavam à equipa principal e muito menos à seleção. Como é que o Sporting formava fornadas de jogadores, alguns de qualidade duvidosa, é certo, outros que não passavam de fogachos e, pelo meio, craques de nível mundial, e o Benfica lá apresentava um Rui Costa ou, anos depois, um Manuel Fernandes, só para que não se dissesse que não tinha um para amostra? Não foi de repente, mas as coisas mudaram. A formação começou a dar frutos, os jovens foram aproveitados para a equipa principal, muitos deles sagraram-se campeões nacionais e, naturalmente, começaram a ser vendidos, alguns a preços inacreditáveis.
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