Porque é um critério como outro qualquer. Depois do despedimento de Roger Schmidt, Bruno Vieira Amaral versa sobre a tarefa impossível do próximo treinador do Benfica, que chegará a um clube esgotado de “ideias” e de “um modelo”. Um treinador que, tal “como o presidente”, vai estar a prazo
O próximo treinador do Benfica deve ser feio. “Que raio de critério é esse?”, pergunta o leitor indignado. Outro dirá que Roger Schmidt já era feio e assim estará a validar inadvertidamente o critério. Se não estou em erro, um dos critérios para a escolha de Schmidt foi o da nacionalidade. Depois de mais de uma década sem treinadores estrangeiros, esgotada a fórmula nacional, havia a ideia de que era preciso trazer alguém de fora da paróquia. No princípio, resultou. Depois, já não funcionou. A desconfiança que corroeu o reinado de Rui Vitória ou de Bruno Lage não poupou Schmidt que, a partir de certo momento, não beneficiou de qualquer isenção por ser alemão. Pelo contrário. Não me lembro de um treinador do Benfica tão vilipendiado pelos adeptos. Por isso o critério da fealdade é tão bom como outro qualquer.
Com a saída de Schmidt não há consenso quanto ao substituto. Depois desta experiência, ninguém se atreve a pedir um estrangeiro. E, já agora, que estrangeiro? Os bons ou são caríssimos ou estão ocupados. Os poucos disponíveis, como Allegri, são caríssimos e devem olhar para o campeonato português como uma competição exótica com a agravante de não compensarmos esse exotismo com ordenados faraónicos. Portugueses? Não há um nome que faça os benfiquistas exclamar em uníssono: “é este!”. Marco Silva, Paulo Fonseca, Abel Ferreira, Sérgio Conceição, Leonardo Jardim, Rui Faria, José Mourinho, até o professor Neca: nenhum entraria no Estádio da Luz em estado de graça.
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