O coração já desacelerou depois da conquista da Liga Europeia?
Acho que até estava bastante calmo, principalmente nos momentos em que as coisas estavam mais... quentes, sabes? Dos treinadores espera-se que estejamos mais tranquilos nos momentos importantes, porque temos de manter a cabeça fria. Mas quando acabou aí sim, soltou-se absolutamente tudo e foi uma loucura. Agora sim, estamos mais tranquilos.
Mas é possível manter a calma quando se vê o Alexis Borges marcar um golo no último segundo do jogo, que dá o prolongamento ao Benfica?
É difícil, sim, mas logo a seguir já estás a pensar no que tens de fazer no prolongamento. Dura muito pouco. Como te disse, quando acabou o jogo, quando percebemos que éramos campeões, aí sim soltas tudo, mas durante o jogo estás muito concentrado e tentas estar o mais "fresquinho" [risos] e centrado no trabalho.
Não sei se houve muito tempo para festejar porque ainda têm a Taça de Portugal... [entrevista foi feita a 2 de junho]
Ah, houve tempo sim [risos]!
Foi muito longo o domingo?
Foi larguinho [risos]. Foi bom, porque era algo histórico, acho que às tantas já era uma mistura de celebrações e cansaço de todo o fim de semana, mas os rapazes tiveram bastante tempo para festejar e agora já estamos a trabalhar.
O Chema disse que esta conquista se fez de "milagres atrás de milagres", mas a verdade é que os milagres devem dar muito trabalho.
Sim, sim, claro. É um trabalho que vem desde o início da temporada e há muita gente envolvida. Agora só vês os jogadores, o staff, os que estão no banco, mas há muito trabalho por trás, primeiro por parte do clube, que fez um esforço enorme para que o plantel fosse melhor e mais completo, desde o presidente, os vice-presidentes, toda a gente que está a ajudar. E no staff não somos dois ou três, somos muitos: nutricionistas, psicólogos, fisiologistas, fisioterapeutas, bem, de tudo, não quero esquecer-me de ninguém porque somos muitos e todos são muito importantes para poder chegar a este momento e sobretudo este final de temporada num estado tão bom. Há muito trabalho que não se vê. E depois toda a gente que trabalha aqui no Benfica, a começar nas pessoas que deixam tudo limpinho e cuidado. E claro, os nossos adeptos que nos seguiram durante todo o ano, que nos apoiaram mesmo quando as coisas não saíram tão bem.
Eliminaram equipas como o Rhein-Neckar Lowen, apuraram-se à frente do Nantes e eliminaram o Toulouse e o Wisla Plock, até ao triunfo com o Magdeburg. Nesta caminhada há algum momento que lhe pareça essencial para o que depois foi a vitória final?
Eu acho que o momento-chave é a eliminatória de qualificação para a fase de grupos, com o Rhein-Neckar, que é uma potência enorme. Era desde logo incrível que uma equipa como o Rhein-Neckar estivesse na qualificação para a fase de grupos e ainda por cima calhou-nos. A verdade é que recebemos muitas mensagens aqui a dizer: "Mas que azar que tiveram no sorteio". Mas nós acreditávamos. Nas equipas em que estive como treinador sempre fomos de menos a mais: o princípio de temporada é sempre mais complicado e depois acabamos melhor porque há jogadores que entram e que têm de fazer a adaptação ao sistema. Sem aqueles dois super-jogos com o Rhein-Neckar, tudo isto teria sido impossível. Esse foi o primeiro milagre. A partir daí escreveu-se esta história tão bonita.
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