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Francisco Neto: “Para dar liberdade, tenho de equilibrar a equipa noutros momentos”

Francisco Neto: “Para dar liberdade, tenho de equilibrar a equipa noutros momentos”
TIAGO MIRANDA

Na segunda parte da entrevista ao selecionador nacional de futebol feminino, Francisco Neto reflete sobre a profissão e também sobre o desafio de apresentar resultados e ganhar seguidores e adeptos pelo caminho. O viseense, de 41 anos, explica ainda o puzzle tático e como encaixa as futebolistas no relvado, indicando o que considera mais importante para as jogadoras e revela a primeira memória mais marcante de um Mundial. Spoiler: Dahlin e Stoichkov estão metidos ao barulho

Como é o Francisco Neto na hora da derrota?
É um Francisco mais calado, mais reflexivo, mas depende da derrota. Há um Francisco da derrota quando sente que fomos competitivos e há um Francisco da derrota quando sente que não o foi, e pior será esse Francisco quando sente que não foi competitivo porque não preparou ou não esteve ao nível da exigência, o que também acontece. A derrota não é, nem nunca será, das jogadoras, aconteceu porque não fomos capazes de ajudá-las no lado estratégico ou tomámos decisões erradas, ou não fizemos a preparação adequada. Temos uma regra aqui entre nós: na vitória ou na derrota, temos 24 horas para festejar ou fazer o luto. Depois da derrota, são aquelas horas até ao próximo treino em que tento fazer o meu luto o mais rápido possível, porque sabemos que a seguir há um objetivo para cumprir.

Já alguma vez sentiu que, por não ter jogado a um nível superior, não percebe exatamente o que estão a sentir as jogadoras?
É aquela velha história: não preciso de estar doente para ser um bom médico.

Era o que faltava, mas digo em termos pessoais, se sentiu que poderia ter ajudado num feedback específico.
Esse é o trabalho do grupo, tens de ter uma equipa técnica que aporte, pessoas com diversas experiências. E, depois, eu cresci com estas jogadoras a não irem a Mundiais e Europeus, elas cresceram comigo. Nunca tínhamos ido. Não estou a dizer que fui eu, nunca tínhamos lá ido, pronto. Isto faz com que todos tenhamos vivido as mesmas sensações e as mesmas emoções. Claro que, não tendo passado por isso, tens de ir à volta, tens de arranjar outros mecanismos e o mecanismo é esta boa ligação que tens com as jogadoras e elas terem abertura para falar contigo e exporem-se. Depois tens o outro lado, trabalho numa federação que tem muita gente desse nível. E aqui não há o Francisco sozinho, isto é a Federação Portuguesa de Futebol, e eu não tenho problemas nenhuns de pegar no telefone e falar com o [selecionador do futsal] Jorge Braz, que é campeão do mundo e da Europa, com o [selecionador sub-21] Rui Jorge, que vai a não sei quantas finais de Campeonatos da Europa, com o mister [Roberto] Martínez neste momento e perceber o que é estar num Mundial.

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