Exclusivo

Entrevistas Tribuna

Delmino Pereira: “Tivemos de tomar medidas sem precedentes na luta antidoping. As pessoas precisam de acreditar no que estão a ver”

Delmino Pereira: “Tivemos de tomar medidas sem precedentes na luta antidoping. As pessoas precisam de acreditar no que estão a ver”
TIAGO PETINGA/LUSA

Em semana de arranque da 84.ª Volta a Portugal, o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo fala das ações tomadas para reabilitar a modalidade, um ano depois do escândalo de doping da W52-FC Porto e da operação “Prova Limpa”. Realidade que convive, paradoxalmente, com um 2023 que ofereceu alguns dos momentos mais importantes da história do ciclismo português: o recente título mundial na pista de Iúri Leitão e o 3.º lugar no Giro de João Almeida

Um ano depois do rebentar do escândalo de dopagem da W52-FC Porto, com ciclistas e diretores suspensos e acusados pelo Ministério Público e buscas em instalações de outras equipas e casas de atletas em vésperas do arranque da Volta a Portugal de 2022, no âmbito da operação “Prova Limpa”, o ciclismo nacional tenta salvar a sua reputação.

A obrigatoriedade da adoção do passaporte biológico por parte de todas as equipas do pelotão nacional, decisão pioneira a este nível de competição, é um de vários passos dados pela Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), Governo e Autoridade Antidopagem de Portugal para afastar os fantasmas do engano que ainda pairam na modalidade. Enquanto isso, a Volta a Portugal, evento popular que marca o verão dos portugueses, resiste e já está na estrada a sua 84.ª edição.

Numa conversa com a Tribuna Expresso onde também cabe o título mundial histórico de Iúri Leitão na pista e o grande momento que, paradoxalmente, vivem os ciclistas portugueses que competem internacionalmente, Delmino Pereira, presidente da FPC, sublinha a necessidade de implantação de medidas implacáveis cá dentro para os infratores como único caminho para trazer de volta “a tranquilidade” à Volta, uma competição que, mais que uma prova, “é um acontecimento social” que passa “de geração em geração”. E avisa que ainda há riscos de novos casos de doping aparecerem, num ano em que os controlos aumentaram.

Quão relevante é esta Volta a Portugal, que surge aqui quase como uma Volta da reforma, um ano depois do escândalo de doping da W52-FC Porto?
Sim, é uma Volta importante. Nós tomamos um conjunto de medidas para evitar que situações como a que ocorreu ano passado se repitam, medidas bastante ambiciosas e também únicas neste perfil de corrida e neste perfil de equipas, que são as equipas continentais [terceira divisão da União Ciclista Internacional]. No fundo foram essas medidas que justificaram que um conjunto de marcas aceitasse continuar na modalidade, visto que essas marcas reconhecem outras potencialidades do ciclismo e também, de certo modo, exigiram que houvesse aqui uma demonstração por parte da tutela - porque isto é uma competência do Governo -, que houvesse aqui um conjunto de medidas que os tranquilizassem. E por isso é uma Volta importante, nós sabemos que continuamos aqui ainda com riscos, porque aumentaram muito os números de controlos, o acompanhamento dos atletas e pode haver aqui mais alguns casos, mas isso faz parte, neste momento, do processo.

Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para continuar a ler

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: lpgomes@expresso.impresa.pt