A atenção que o pai recebia tornava mais cintilantes os seus olhos pequeninos, um garoto que só queria ter a bola de futebol nos pés. E queria aquilo também para ele. “As pessoas pediam-lhe autógrafos e tiravam fotografias e eu dizia ‘um dia quero ser assim também’”, conta Fabrício Isidoro sobre Paulo Isidoro, um dos eleitos de Telê Santana para aquele mágico e inolvidável Brasil de 1982. O capitão do Farense, que veio da III Divisão com o clube, está sentado numa bancada do mítico e cheio de lembranças Estádio de São Luís à conversa com a Tribuna Expresso.
“Ele foi sempre uma inspiração, sempre olhei para o meu pai com muito orgulho mesmo”, confessa o futebolista de 31 anos, ainda que reconheça ter sido intoxicado pelo bicho que morde sempre os filhos dos craques, neste caso uma lenda do Atlético Mineiro. No futebol jovem, Fabrício Isidoro foi cobrado por ser filho de um grandíssimo futebolista, o homem que atraiu dois defesas e tocou para Éder fazer um golaço contra a União Soviética, no Mundial de Espanha. O pai ainda se encontra com homens como Éder, Reinaldo e Luizinho, o central que passou pelo Sporting.
“Tive a pressão de ser filho do Paulo Isidoro, porque tinha de jogar como ele”, recorda. “Quando as coisas corriam mal, diziam ‘ahh, não joga como o pai’ ou quando corriam bem falavam sempre nele. Foi realmente uma pressão para um jovem, com 12, 13 e 14 anos. Eu tentava levar naturalmente e tentava fazer o meu jogo, cada um com as suas características e momento. Havia a pressão. A vinda para cá, para Portugal, suavizou e aliviou isso. Tirei isso da cabeça”, desabafa.
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