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Fernando Pimenta: “No dia em que terminar a minha carreira vou ter de andar durante 15 dias medicado para ficar superzen”

Fernando Pimenta: “No dia em que terminar a minha carreira vou ter de andar durante 15 dias medicado para ficar superzen”
RUI DUARTE SILVA
Durante uma tarde em que deu uma aula de canoagem a jovens dos 14 aos 18 anos, Fernando Pimenta conversou com a Tribuna Expresso sobre a tão desejada medalha de ouro nos Jogos Olímpicos e sobre o futuro. Pelo meio houve tempo para falar do adeus, da sucessão e do desenvolvimento da modalidade que passa sobretudo por mais apoios financeiros, segundo o melhor canoísta português de sempre, que só este ano conquistou 13 medalhas, incluindo o título mundial em K1 1000, que é distância olímpica

Conseguiu a quarta condecoração das mãos do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. A pressão que fez publicamente resultou?
Não foi nenhuma provocação ao Presidente da República. Falámos no dia da condecoração e ele percebeu que não havia nada contra ele. Foi só um pequeno alerta, porque o meu treinador faz parte de todo o sucesso da conquista dos resultados que tenho obtido. Nas modalidades coletivas, e bem, quando as equipas chegam após grandes resultados, são condecoradas e os treinadores e a equipa técnica também. Era mais pelo meu treinador que, felizmente, desta vez foi homenageado. Dei mais relevo à condecoração dele, do que à minha.

Vamos imaginar que ganha a medalha de ouro em Paris 2024. O balão vai esvaziar?
Não.

O que ainda quer mais, tendo em conta todo o seu palmarés?
Se ganhei uma, porque que não posso tentar ganhar duas? Se conseguir uma terceira medalha nos Jogos Olímpicos, passo a ser o atleta português com mais medalhas olímpicas, mas se conseguir uma quarta medalha olímpica, aí já é um furo acima. Se em vez de ter três títulos de campeão do mundo na distância olímpica conseguir quatro, acabo por bater também um recorde internacional.

O seu objetivo é ficar num lugar inalcançável na história desportiva do país?
[Risos] É sempre alcançável desde que as pessoas trabalhem. E julgo que já desperdicei algumas oportunidade para poder já lá estar. Em 2017, por inexperiência, cometi um erro ao pequeno-almoço e, antes de entrar na final dos 1000m, a digestão parou. Fui vice-campeão do mundo, mas quando terminei a prova pensei que ia morrer. Eram tantas dores, no corpo e na cabeça, que acabei por esvaziar tudo. Aí, já podia ter tido mais um título. E, no ano passado, em que fiquei a escassas 10 décimas do húngaro campeão do mundo, foi outra. Se ainda tenho a possibilidade de conseguir mais alguma coisa, vou continuar.

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