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Pedro Ferreira, futuro engenheiro aeroespacial, foi ao céu sagrar-se campeão europeu de trampolins: “Perguntam-me: ‘Vais ser astronauta?’”

Pedro Ferreira, futuro engenheiro aeroespacial, foi ao céu sagrar-se campeão europeu de trampolins: “Perguntam-me: ‘Vais ser astronauta?’”
José Fernandes
Aos 27 anos, o atleta natural de Vila do Conde foi ouro na competição individual dos Campeonatos da Europa de trampolins, no início de abril, mas apesar do triunfo na disciplina olímpica, não estará em Paris. A culpa é do estrito regulamento que apenas dá uma vaga a Portugal, que nos últimos anos se tem destacado na modalidade que faz os atletas voarem. À Tribuna Expresso, Pedro Ferreira diz que o sentimento é agridoce, mas está ciente da sua qualidade como um dos melhores do Mundo: “Sinto que o facto de não ir aos Jogos não tem nada a ver com a minha qualidade, o meu nível, a minha performance nas competições”

Olhamos para os rankings mundiais de trampolins e Pedro Ferreira surge no grupo de quatro atletas que partilham o 5.º lugar. É um dos melhores do Mundo, ao lado de Gabriel Albuquerque, outro português que brilhou esta época e que será o representante de Portugal nos Jogos Olímpicos de Paris, depois do 4.º lugar nos Mundiais, onde Pedro Ferreira foi 7.º.

Há apenas 16 vagas para a prova olímpica e Portugal tem apenas uma delas. Campeão da Europa pouco depois de ficar definida a essa vaga, Pedro admite o sentimento agridoce, mas sublinhando sempre que o lugar está “justamente preenchido”, lembrando o grande ambiente que se vive numa seleção nacional que se tem fartado de ganhar medalhas para Portugal em Europeus, Mundiais e Taças do Mundo.

No início de abril, Portugal foi a nação que mais medalhas ganhou nos Europeus de trampolins de Guimarães (11, três de ouro, três de prata e cinco de bronze). Pedro Ferreira, que partilhou o pódio na competição individual com o colega de treino no Sporting, Diogo Abreu (3.º), sublinha a qualidade dos treinadores portugueses e o apoio dos clubes e da federação para o florescer dos trampolins em Portugal.

Apaixonado pela performance e pelo treino, Pedro Ferreira fala com a Tribuna Expresso no dia de regresso aos treinos, apenas quatro dias após o título europeu, com a certeza que o sonho olímpico ainda não morreu.

Não há grande descanso para um campeão europeu, já estás aqui pronto para começar a treinar de novo, dias depois do título.
Sim, mas também parte um bocado de mim. Nós podemos parar mais tempo nesta altura. Vou voltar aos treinos, mas não é com o intuito de voltar ao ritmo com que estava antes, é mais porque eu treino todos os dias, estou habituado a treinar todos os dias e também não o fazer, não vir aqui às duas e meia da tarde, também se torna um bocado esquisito na minha vida, fico um bocado a olhar para o ar. Não é que eu não tenha mais nada que fazer - eu estou a estudar -, mas é como se fosse aquilo que me deixasse bem de cabeça, não é? Vir treinar é algo que eu gosto, dá-me felicidade. É mais por aí, também mexer o corpo, acho que é importante.

És de Vila do Conde. O que é que aproveitaste para fazer lá nestes poucos dias de pausa?
Sempre que posso ir a casa aproveito para ir e especialmente neste momento em que acabei de ter uma conquista muito grande... gosto de estar nestes momentos com os meus pais, porque a verdade é que eles é que apoiaram a minha carreira e é com eles que eu gosto de partilhar estes momentos. E é sempre mais calmo estar lá em cima, deu para ir passear o meu cão, estar em casa no sofá, aquelas coisas mais calmas, sem ter que pensar em grande coisa. Deixei tudo para o dia seguinte, também é preciso.

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