Está em Lisboa para uma reunião de alto rendimento no futebol feminino, algo que, suponho, há 10 ou se calhar até cinco anos era território completamente por explorar.
Sim, claramente. É uma das razões pelas quais estamos a fazer o que estamos a fazer. Quando lançamos a nossa primeira estratégia para o futebol feminino, decidimos atacar seis áreas distintas e uma delas era a alta performance. E a ideia era juntar os clubes, partilhar as melhores práticas, o conhecimento, desenvolver o pensamento em pontos fulcrais. Sabemos muitos dos desafios que os clubes enfrentam, que as atletas mulheres estão a enfrentar. Não vamos ser capazes de os resolver sozinhos, vai ser preciso um esforço coletivo e este Grupo Consultivo de Alto Rendimento é uma maneira fantástica de juntar os melhores especialistas que trabalham especificamente com mulheres futebolistas. Acredito que alguns dos ensinamentos que vamos reunir a partir das investigações onde estamos a investir ou deste grupo vão ajudar não só o futebol feminino, mas com certeza serão também traduzíveis para outros desportos femininos. Um dos pontos fulcrais dos estudos que estamos a fazer é disponibilizá-los à indústria e à comunidade do futebol feminino. É um projeto fantástico para desenvolver e tens muita razão: há cinco, 10 anos isto não estaria a acontecer, não existia este interesse no futebol feminino que temos agora.
É muito importante ter cada vez mais raparigas e mulheres a jogar, mas se elas não tiverem condições também não vão evoluir, certo?
Sim, exatamente. E temos cada vez maior fisicalidade, intensidade. O ritmo das partidas que as principais jogadoras têm agora significa que precisam do melhor em termos de alta performance, de tratamento e prevenção de lesões. Mas não podemos simplesmente replicar tudo que resultou no futebol masculino. Há imensos dados para construir programas específicos para o corpo masculino, mas a fisiologia das futebolistas é muito diferente. É muito importante investirmos em programas de treino e de prevenção de lesões especificamente para atletas mulheres. Um dos grandes desafios é a participação das atletas nestes estudos e isso é algo que, através deste grupo consultivo, temos conseguido fazer muito bem: no nosso grupo de estudos para o futebol feminino temos quase 300 futebolistas de toda a Europa e números desta monta dão-nos muito conhecimento no sentido de moldar estes projetos e mudanças às práticas dos clubes, para garantir que as atletas serão tratadas da melhor maneira possível.
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