“Nem penses!”
Foi esta a resposta que a mulher de Jesús Casas lhe deu quando o treinador contou que recebera um convite para ser selecionador do Iraque. “Pela imagem que se tem do país na Europa”, com uma ideia “ainda muito ligada à guerra”, explica o técnico, quem lhe é mais próximo desaprovou com veemência a ideia de uma mudança para o Médio Oriente.
Mas Casas quis informar-se. Falou com o embaixador espanhol em Bagdade e a resposta vinda do diplomata surpreendeu-o. Após refletir e pensar, o técnico, convidado devido à paixão que o presidente da federação iraquiana tem pelo futebol espanhol, decidiu, mesmo, fazer as malas para o Iraque. Estávamos em novembro de 2022.
E “fazer as malas” não é uma força de expressão. Não faltam exemplos de selecionadores nacionais que não vão viver nos países que orientam, mas Jesús “não conceberia não viver no Iraque”, diz à Tribuna Expresso: “Tens de te integrar. Estando aqui, obtenho um conhecimento enorme da liga iraquiana, dos jogadores, do futebol que se pratica, até porque muitas equipas são da capital, permitindo ver vários encontros em poucos dias”, conta.
À chegada, o técnico viveu “um choque”. Jesús Casas vinha de muito tempo a trabalhar na elite do futebol internacional, como membro da equipa técnica de Luis Enrique no Barcelona e na seleção espanhola, primeiro mais em funções de análise de vídeo, depois mais num trabalho de campo, como treinador-adjunto. O técnico “sabia que as condições seriam piores”, mas “nunca” imaginou “que estivesse tudo num nível tão básico”.
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